Administrador hospitalar do Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, Xavier Barreto integrou, nos últimos três anos, a atual direção da APAH, tendo decidido avançar com uma candidatura ao mandato 2022-2025, nas eleições a 31 de maio, com o apoio do atual presidente, Alexandre Lourenço.
Em entrevista à agência Lusa, Xavier Barreto, que encabeça a Lista A, com o lema “Valorizar a profissão, liderar a mudança”, afirmou que a “primeira prioridade” é a revisão da carreira de administração hospitalar, que nunca foi revista, “o que é claramente um obstáculo para a contratação e para a progressão” destes profissionais.
“Numa altura em que se fala tanto da necessidade de termos bons gestores no Serviço Nacional de Saúde, não se entende como é que a nossa carreira está por rever há mais de 40 anos e isso cria claramente um obstáculo a termos no SNS pessoas que o possam gerir de uma forma competente”, criticou.
A lista, que reúne administradores hospitalares de todo o país, propõe também um programa de formação para os administradores hospitalares, reforçando a sua capacitação para liderarem a transformação em curso no sistema de saúde.
“Na verdade, essa transformação é quase permanente, mas há uma série de novas áreas, por exemplo, saúde digital, inteligência artificial, ‘machine learning’, mas também do valor em saúde, que serão centrais nos próximos anos e que têm que ser lideradas pela administração hospitalar”, defendeu.
A lista encabeçada por Xavier Barreto pretende manter a APAH como “estrutura independente e democrática, ao serviço exclusivo dos interesses dos seus associados”.
Para isso, assume o compromisso de não aceitar qualquer nomeação para órgãos de administração, por considerar que tal não é compatível com o exercício do cargo.
“Eu entendo que se for nomeado para um conselho de administração e se ficar sujeito a uma tutela hierárquica direta da ministra da Saúde naturalmente que isso prejudica ou pode prejudicar a minha autonomia, por exemplo, para negociar a carreira de administrador hospitalar, que será uma negociação fundamental”, argumentou.
Questionado sobre os desafios futuros na saúde, Xavier Barreto afirmou que os hospitais estarão “sujeitos a uma pressão tremenda”.
“O contexto já não era muito favorável. Estamos a sair de uma pandemia e tínhamos iniciado a recuperação de tudo aquilo que ficou para trás e isso está a ser um esforço tremendo e coloca muita pressão sobre os hospitais”, salientou, apontando ainda as consequências da guerra na Ucrânia nos preços dos materiais e equipamentos e nas cadeias logísticas.
Por outro lado, apontou, há a necessidade de, nos próximos anos, devolver a autonomia aos hospitais. “Andamos a falar nisto há anos. Continuamos sem fazer mudanças significativas nesse campo e é absolutamente incompreensível”.
“Como é que se pode responsabilizar um administrador hospitalar se ele não tem autonomia para tomar qualquer tipo de decisão importante na sua organização”, questionou.
A saída dos profissionais do SNS também foi realçada por Xavier Barreto, considerando que é “a maior ameaça” ao SNS nos próximos anos. “As saídas continuam e de cada vez que sai um profissional sai uma parte importante do Serviço Nacional de Saúde” e muitas vezes perde-se também a capacidade para formar novos profissionais.
A candidatura de Xavier Barreto conta com o apoio de mais de 100 proponentes, entre os quais dos antigos secretários de Estado da Saúde Francisco Ramos, Manuel Delgado, Rosa Valente Matos, e José Carlos Lopes Martins.
Às eleições para eleger os órgãos sociais da APAH, concorre Diana Breda, administradora hospitalar há cerca de 20 anos, que encabeça a Lista B – Pelo reconhecimento, dignificação e valorização da profissão de administrador hospitalar.
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