
A cirurgia da obesidade, também chamada cirurgia bariátrica, é um tratamento indicado para pessoas com obesidade, uma doença crónica e que já tentaram outras formas de emagrecer — como dietas, exercício físico ou medicamentos — sem sucesso. No entanto, não é realizada com base apenas no número que aparece na balança, mas sim no IMC (Índice de Massa Corporal), que é uma conta feita com o peso e a altura da pessoa. Para calcular o IMC, divide-se o peso (em quilos) pela altura ao quadrado (em metros). Por exemplo, uma pessoa com 100 kg e 1,65 m tem um IMC de 36,7.
De forma geral, a cirurgia bariátrica pode ser considerada a partir de um IMC igual ou superior a 35, ou a partir de 30 se a pessoa já tiver problemas de saúde relacionados com o excesso de peso, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, colesterol aumentado, problemas articulares ou apneia do sono. Isto significa que, para alguém com 1,65 m, a cirurgia pode ser indicada a partir dos 95 kg, mesmo que ainda não tenham doenças associadas. Esta decisão, no entanto, deve ser sempre feita em conjunto com uma equipa médica especializada, após uma avaliação completa.
Existem vários tipos de cirurgia bariátrica, sendo os mais comuns o bypass gástrico e a gastrectomia vertical (sleeve gástrico). Estas cirurgias alteram o sistema digestivo de forma a reduzir a quantidade de comida que a pessoa consegue comer e/ou a forma como os alimentos são absorvidos. O objetivo não é apenas emagrecer, mas também melhorar ou até curar doenças como a diabetes, o colesterol elevado e a pressão alta.
Embora hoje existam medicamentos modernos e eficazes para tratar a obesidade, como os chamados agonistas do GLP-1, a cirurgia continua a ser a opção com melhores resultados a longo prazo para perda de peso significativa e duradoura, especialmente em casos mais graves. Além disso, os fármacos precisam de ser tomados continuamente e podem ser dispendiosos, enquanto a cirurgia, apesar de envolver um risco cirúrgico pequeno, oferece uma solução mais definitiva quando bem indicada e acompanhada.
Um artigo de António Albuquerque, cirurgião metabólico e da obesidade e coordenador da Clínica de Obesidade do Hospital Cruz Vermelha.
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