É importante não confundir as coisas. Ao contrário do que possa pensar, alergia e intolerância alimentar são coisas diferentes. No caso das alergias alimentares, o sistema imunitário reage a um alimento, inofensivo para a maioria, que, em função das substâncias que o integram, o organismo considera agressor. No caso da intolerância alimentar, tende a existir uma falha no metabolismo, como sucede com a falta da enzima lactase no caso da lactose, que impede o organismo de o processar.
1. Intolerância à lactose
A intolerância à lactose é uma das mais frequentes. "Vários são os alimentos que têm lactose, sobretudo os lacticínios, a não ser que lhe tenham retirado esta enzima, que é o açúcar naturalmente existente no leite", explica Célia Costa, imunoalergologista e coordenadora da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica. A lactose pode estar não só em alimentos, mas também em medicamentos.
Os sintomas mais comuns são, normalmente, "diarreia, distensão abdominal, gases e algumas vezes dores de estômago", sublinha a nutricionista Lillian Barros. No entanto, nem toda a gente tem a mesma sintomatologia e com a mesma intensidade. A reação do organismo vai depender, todavia, "do limiar de cada doente e da gravidade da deficiência da enzima lactose", esclarece ainda Célia Costa.
Para evitar este tipo de tolerância, deverá optar por produtos sem lactose ou substituí-los por outras opções, como, por exemplo, iogurtes de coco ou bebidas de soja, de aveia, de arroz ou de amêndoas. Outra opção, que deve ser orientada por um profissional, "é a ingestão da enzima lactose antes de consumir os produtos com lactose", refere ainda Lillian Barros, autora do livro "Sopas, saladas e chás detox".
2. Intolerância ao glúten
Presente no trigo, no centeio, na cevada e no malte, o glúten é um conjunto de proteínas insolúveis, às quais muitas pessoas são intolerantes, tendo dificuldade em digerir este nutriente. Isto não significa sofrerem de doença celíaca, que é uma doença autoimune do intestino, causada por uma sensibilidade permanente ao glúten. A lista de sintomas inclui dores de estômago, azia e distensão abdominal.
Gases, fadiga e dor de cabeça são outras das manifestações possíveis e comuns. Para substituir esta proteína, deve evitar as preparações e alimentos que contenham trigo, centeio, cevada e malte. "Outra opção também será consumir produtos sem glúten e, nas preparações culinárias, substituir a farinha de trigo por outros tipos de farinhas, como a de arroz ou a de linhaça", exemplifica Lilian Barros.
3. Intolerância ao trigo
Esta intolerância pode ser confundida com a intolerância ao glúten, uma vez que o trigo também contém glúten. No entanto, são intolerâncias diferentes. "Algumas pessoas têm dificuldade na digestão de alimentos à base de trigo", alerta a imunoalergologista Catarina Roquette Durão. "Podem manifestar-se sintomas gastrointestinais após comer, por exemplo, pão", adverte.
Vómitos, distensão abdominal, dor gástrica e diarreia podem ser, então, comuns após a ingestão deste cereal, adverte a especialista. Se for o caso, evite-o a todo o custo. Nessa situação, opte por comer pão que não contenha trigo, como é o caso do que é feito apenas de centeio, por exemplo. O melhor é ler sempre o rótulo ou perguntar ao padeiro se não tem trigo na composição.
4. Intolerância aos aditivos
Estes são compostos adicionados a alguns alimentos e a algumas bebidas para aumentar a sua durabilidade, como é o caso dos sulfitos. Os alimentos mais comuns que podem conter este tipo de aditivos "são a cerveja, o vinho, os refrigerantes, os frutos secos, os biscoitos, as conservas, os enchidos e os molhos", alerta Lillian Barros.
Dores abdominais, náuseas e diarreia são os sintomas principais associados a esta intolerância alimentar que também afeta milhares de pessoas. Para se defender, nas situações em que se comprove que existe um quadro de intolerância, por muito que lhe custe, deve evitar todo e qualquer tipo de alimento que contenha este aditivo.
5. Intolerância à frutose
A intolerância à frutose ocorre devido "à dificuldade de o organismo digerir e absorver alimentos que contenham este açúcar na sua composição, como é o exemplo das frutas, alguns legumes, mel e produtos processados que contenham estes ingredientes ou adição de frutose", explica a nutricionista Lillian Barros. Os principais sintomas são vómitos, diarreia, enjoo, náuseas, suor e inchaço abdominal. Caso seja intolerante à frutose deverá evitar comer frutas, geleias, doces de fruta, mel, melaço e xarope de ácer.
A farinha de soja, o muesli, os cereais feitos com açúcar ou com mel, a batata-doce, a beterraba, o pepino, a couve, o tomate, a cenoura, a beringela, o repolho, os espargos e o pimentão também figuram na lista. Tenha ainda atenção aos produtos industriais com frutose, como é o caso, por exemplo, de refrigerantes, ketchup, bolos e sumos em pó ou em pacote. Em alternativa, "consuma, de forma variada, verduras que não contêm este açúcar, como os brócolos, as alfaces, os espinafres e os cogumelos", sugere.
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