
Para muitos, um bife mal passado é sinónimo de sabor e suculência. A preferência por carne menos cozinhada é comum e, em muitos casos, cultural. No entanto, será que comer carne mal passada faz mal à saúde?
A resposta não é tão simples, uma vez que depende do tipo de carne, do seu manuseamento e, sobretudo, do ponto de cozedura.
A principal preocupação ao ingerir carnes mal passadas é a possível presença de bactérias ou parasitas que só são eliminados com temperaturas de confeção adequadas.
A ingestão de microrganismos como Salmonella, E. coli, Listeria ou parasitas como a Trichinella pode causar infeções alimentares, cujos sintomas podem variar entre febre, vómitos, dores abdominais e alterações do trânsito gastrointestinal.
Em indivíduos mais vulneráveis, como crianças, grávidas, idosos ou indivíduos com o sistema imunitário comprometido, estas infeções podem tornar-se graves.
A autoridade de saúde Food and Drug Administration (FDA), recomenda que as carnes vermelhas (bovino, porco e borrego) atinjam pelo menos 63oC no seu interior. No caso das carnes de aves, a temperatura interna mínima recomendada é de 74oC.
Para além disso, há uma diferença importante a ter em consideração: um bife mal passado não representa o mesmo risco do que carne picada mal passada. No bife, a contaminação microbiológica tende a estar apenas na sua superfície, o que significa que, ao selar a carne de ambos os lados, a maioria dos microrganismos é eliminada. Já na carne picada, como por exemplo num hambúrguer, todo o seu interior pode estar contaminado, uma vez que o processo de moagem mistura partes externas e internas.
Ao não cozinharmos bem o interior do hambúrguer, corremos o risco de algumas dessas bactérias sobreviverem.
Em suma, comer carne mal passada não é obrigatoriamente prejudicial para a saúde, mas envolve riscos que não devem ser ignorados, especialmente no caso da carne picada. Se optar por consumir carne menos cozinhada, privilegie produtos de confiança, de origem controlada e manuseados em condições de higiene rigorosas.
Um artigo da nutricionista Inês Chambel, especialista em nutrição clínica no Hospital Lusíadas Amadora.
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