Comer num restaurante de fast food não tem de contrariar todos os princípios dos bons hábitos alimentares, como muitos tendem a pensar e a generalizar. Nas pizarias, nas hamburguerias e na maioria das unidades de restauração de massas, sandes e outras especialidades de preparação rápida, alternativas quando se quer poupar tempo e trabalho na cozinha, também existem opções aliadas do peso ideal e da saúde.
A revista Saber Viver convidou Patrícia Almeida Nunes, autora do livro "Uma especialista em nutrição no supermercado", publicado pela editora A Esfera dos Livros, a sentar-se à mesa e a analisar as ementas de alguns dos principais ícones da comida rápida para nos ajudar a descobrir quais são, realmente, as propostas saudáveis, em contraponto às bombas calóricas a evitar.
Manual de instruções para fugir às armadilhas
A decoração dos espaços onde existe fast food é apelativa, não se perde tempo à espera do pedido e o preço é acessível. Tudo seria perfeito se a maioria das propostas não fosse altamente calórica para um país onde mais de metade da população tem excesso de peso, além das taxas elevadas de hipertensão, diabetes e excesso de colesterol.
Como, por vezes, é difícil resistir a esta opção quando o tempo escasseia, Patrícia Almeida Nunes deixa algumas sugestões para transformar este hábito numa alternativa saudável. "O importante é ter cuidado com a porção ingerida, a frequência e o tipo de ingredientes que se escolhe", sublinha.
O que escondem as saladas
Em resposta às críticas que acusam as cadeias de fast food de contribuírem para os níveis de obesidade mundial e como tentativa de satisfazer os clientes mais fiéis à dieta saudável, quase todas as ementas oferecem saladas frescas e sopas. No entanto, Patrícia Almeida Nunes avisa que existem determinados extras nas saladas que ameaçam a linha.
"Os molhos, o azeite em excesso, o queijo feta e os croutons, ou seja, pão frito altamente calórico. O milho será sempre uma fonte de energia mais saudável", conta. Como preenchem o estômago e saciam a fome, a especialista considera que "as sopas são sempre uma boa opção, na medida em que ajudam a pessoa ingerir menor quantidade de comida no segundo prato".
Pizas à lupa
O tipo de massa e os ingredientes escolhidos determinam se uma piza é ou não saudável. A dietista revela que "o truque é optar por massas finas, com aspeto de bolacha, e depois adicionar ingredientes menos calóricos como, por exemplo, espinafres, assim como outros legumes e vegetais". "Os mariscos, nomeadamente o camarão, também são uma alternativa pobre em calorias", garante.
"Convém não esquecer que é proibido dobrar a quantidade de queijo, a principal fonte de gordura saturada das pizzas", realça a especialista. Em tempos de crise e, acima de tudo, por uma questão de equilíbrio, a especialista aconselha "a pedir uma sopa ou uma salada e depois partilhar a pizza com um amigo".
Massas sem gordura
As massas são uma proposta saudável, desde que se preste atenção às suas características, à forma como o prato é confecionado e aos ingredientes selecionados. "É sempre uma vantagem se a massa for preparada sem gordura no wok. Se os cozinheiros colocarem duas colheres de óleo de soja, só este ingrediente fornece 200 ou 300 calorias", informa.
"Mesmo aquela opção que podemos pensar que não é fast food, com massa integral, pode não ser tão saudável como julgamos, pois depende da forma como é preparada. Uma massa com brócolos e camarão é uma ótima escolha", afirma ainda. Outra opção aconselhada é a massa tipo wrap que costuma ter imensa salada por dentro e fornece apenas cerca de 300 calorias.
Sandes (nem sempre) saudáveis
Podem ser uma escolha equilibrada desde que "evite as pastas confecionadas com maionese e opte por pão de mistura ou de cereais", refere. "No interior, pode colocar presunto que, não é assim tão calórico. O queijo fresco contém sempre menos gordura do que os outros e o mozarela é gordo, mas é menos calórico do que as pastas de frango ou de atum", diz.
A especialista em nutrição, coordenadora do Serviço de Dietética e Nutrição do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, lembra ainda que "é importante colocar sempre uma fonte hortícola, como alface, tomate ou cenoura". "Os legumes grelhados conferem um sabor intenso", acrescenta ainda Patrícia Almeida Nunes.
"É muito importante seguir uma dieta diversificada", aconselha ainda a nutricionista portuguesa, também dietista no British Hospital, em Lisboa, desde 2015. "Se se tiver cuidado com o tipo e quantidade ingerida, pizas ou hambúrgueres podem ser uma boa opção, desde que a família aproveite o tempo para passear e gastar mais energia", conclui a especialista.
Texto: Fátima Lopes Cardoso com Patrícia Almeida Nunes (dietista)
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