Os rins são fundamentais na manutenção do equilíbrio do organismo e, no caso dos diabéticos, esse peso ainda é maior. "A doença renal diabética é uma das principais e possíveis complicações da diabetes", adverte mesmo um artigo do Diabetes 365º, um projeto informativo multiplataforma que pretende auxiliar os portugueses a lidar com estas duas patologias. Se a hiperglicemia não for devidamente controlada, ao longo do tempo acaba por causar problemas nos minúsculos vasos sanguíneos dos rins.
"Consequentemente, o rim começa a perder funções, quer na filtração do sangue quer na eliminação de resíduos e líquidos excessivos. Por ser causada por danos nos pequenos vasos, a doença renal diabética é considerada uma complicação microvascular da diabetes. Entre 20% a 40% dos diabéticos vão acabar por desenvolver doença renal diabética", avisa. Fazer um mau controlo da glicemia, ser fumador, sofrer de hipertensão arterial e ter o colesterol e/ou os triglicéridos elevados são fatores agravantes.
A idade avançada é outro dos aspetos críticos. "Sendo uma condição que pode evoluir para problemas mais graves, como doença renal crónica, é importante que vá vigiando regularmente a sua função renal, em consulta médica", refere o Diabetes 365º. A avaliação da função renal faz-se através de análises ao sangue e à urina, para apurar os valores que se seguem. Apesar de ser possível indicar alguns valores de referência, estes podem, todavia, variar de acordo com o laboratório e técnica por este utilizada.
1. Ureia
A ureia é um produto da metabolização proteica e, à medida que a função renal piora, os seus valores têm tendência a aumentar. Normalmente, deve situar-se entre os 7 e os 20 mg/dl.
2. Creatinina
É resultado da metabolização dos músculos e toda a gente a produz. Como é totalmente eliminada pelo rim, a creatinina é habitualmente usada como marcador da função renal pela generalidade dos especialistas, um pouco por todo o mundo. "Caso os seus rins não estejam a funcionar de forma correta, não há uma eliminação da creatinina à mesma velocidade a que é produzida e esta acumula-se no sangue", adverte ainda o Diabetes 365º.
De uma forma geral, o valor máximo nas mulheres é de 1,2 mg/dl e nos homens de 1,4 mg/dl. "Acima disso, é um sinal de alerta de declínio da função renal. No entanto, os níveis de creatinina considerados normais vão variar não só de acordo com o sexo, mas também com a idade e a etnia", refere ainda. A creatinina é essencial para calcular a taxa de filtração glomerular, valor que nos dará uma informação mais fidedigna sobre a função renal.
3. Taxa de filtração glomerular
Também é conhecida pela sigla TFG. Calcula-se com base nos valores de creatinina no sangue, na idade, no sexo e na etnia. Permite avaliar a capacidade de o rim eliminar os resíduos e excesso de líquidos no corpo. Consideram-se normais os níveis acima dos 90 ml/min/1.73 m². No entanto, valores abaixo dos 60 ml/min/1.73 m² já constituem uma redução mais alarmante. Para mais informação, juntamente com o valor da taxa de filtração glomerular, deve ser avaliado o rácio albumina/creatinina.
4. Rácio albumina/creatinina
Este rácio indica se os níveis de albumina que existem na urina são saudáveis ou não. "A albumina é uma proteína produzida pelo fígado. Como todas as proteínas, não é filtrada pelo rim. O rim não a elimina na urina. Por isso, ter proteínas na urina é sempre considerado anormal. A albumina é a proteína utilizada na averiguação da função renal", esclarece ainda o Diabetes 365º.
Essa avaliação também se revela essencial. "Por um lado, se o rácio for elevado, significa que há excreção de albumina pelo rim, o que significa que o rim deixa passar as proteínas, ao contrário do que seria normal", refere o projeto de literacia de saúde multiplataforma. "Por outro lado, se esta for uma alteração contínua no tempo, podemos estar perante uma doença renal crónica", avisa.
5. Albuminúria
A deteção de proteinúria implica a existência de proteínas na urina e a albuminúria corresponde à deteção de albumina no líquido urinário. Para além do rácio albumina/creatinina, o médico pode, como muitas vezes sucede, pedir o seu valor, que deve estar abaixo dos 30 mg/dl, numa amostra de urina.
Acima disso, estamos perante uma microalbuminúria, um indicador precoce de declínio da função renal. À medida que a função do rim se vai agravando, esse valor vai, paradoxalmente, aumentando. Por outro lado, considera-se macroalbuminúria quando estamos perante um valor acima dos 300 mg/dl.
6. Glicemia e hemoglobina glicada
A melhor maneira de prevenir o declínio da função renal num diabético é manter um bom controlo glicémico. "Para isso, é essencial cumprir com a medicação e adotar uma dieta saudável e hábitos de exercício físico regulares. De uma maneira geral, deve manter os níveis de glicémia em jejum à volta dos 110 mg/dl e inferiores a 180 mg/dl nas duas subsequentes à refeição", adverte o Diabetes 365º.
"Quanto aos níveis de hemoglobina glicada [também conhecida como A1c], devem estar, idealmente, abaixo dos 7%, apesar desse alvo dever ser sempre individualizado com o seu médico assistente", refere ainda o projeto de literacia de saúde. "É importante, nas análises, ler os valores na doença renal como um conjunto. Assim sendo, é essencial não tirar conclusões com base num valor isolado", aconselha.
Esse trabalho deve ser deixado para os especialistas. "Deve sempre mostrar os resultados ao seu médico, de maneira a que ele os interprete. Além disso, não fique alarmado se o seu médico não pedir todas estas análises. Afinal, nem sempre todas são precisas. Tudo depende de cada caso e pode e deve discutir com o seu médico todas as dúvidas que tenha, fazendo o seguimento habitual em consulta", recomenda.
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