É esta semana, no dia 7 de abril, que se celebra o Dia Mundial da Saúde. Um dia em que aproveitamos para relembrar um tema que nunca deve ser esquecido: os distúrbios alimentares.
E, ao contrário do que se possa pensar, o médico dentista assume muitas vezes um papel determinante no diagnóstico e identificação desta doença nos pacientes.
Comecemos primeiro por entender a relação entre a saúde oral e estes distúrbios e, de seguida, alguns sinais a que se deve estar alerta.
Os distúrbios alimentares são uns dos principais transtornos mentais no mundo e, segundo a ANAD (National Association of Anorexia Nervosa and Associated Disorders), pelo menos 9% da população mundial é afetada por esta condição.
Existem diferentes tipos de perturbações alimentares, mas podemos considerar três como mais relevantes: a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e o transtorno da compulsão alimentar. Mas, qual a relação que existe entre estes distúrbios e a saúde oral?
Vejamos o caso da bulimia. Esta é na verdade uma das doenças com maior impacto na cavidade oral e também a nível sistémico. Na bulimia, os pacientes ingerem grandes quantidades de comida, eliminando de seguida as calorias através por exemplo de exercício físico, produtos diuréticos ou pela regurgitação (vómito).
A existência frequente deste fluxo (vómito) na cavidade oral pode resultar num severo dano ao nível dos dentes, ao qual denominamos como erosão dentária. Isto acontece devido ao PH do estômago, que é bastante mais ácido. Como a saliva não tem o tempo necessário para controlar este ambiente, vão surgindo lesões nos dentes.
Assim, os tecidos dentários acabam por ser afetados e aos poucos os pacientes começam a sentir efeitos colaterais na sua saúde oral, como a sensibilidade dentária aumentada. A longo prazo vai mesmo acabar por danificar a estrutura dos dentes.
É recomendado sempre aos pacientes que após um episódio deste género, isto é, de um estímulo de ácido, não escove imediatamente os dentes após o mesmo. Deve sim bochechar com água ou com um elixir.
Se já é sabido que o trabalho em equipa produz sempre maiores resultados, em termos de diagnóstico deste tipo de situações acontece exatamente o mesmo. É essencial que exista uma comunicação entre colegas, como por exemplo entre o médico dentista e o nutricionista ou até mesmo com o médico de família. Só assim é possível não só se ter um diagnóstico multidisciplinar, como se consegue estabelecer um conjunto de estratégias que visem ajudar o paciente.
Num mundo em que cada vez mais existe uma busca por um corpo perfeito, é importante consciencializar a sociedade para a seriedade destes distúrbios.
Tendo em consideração que estas são situações que afetam sobretudo a população mais jovem, pois trata-se de uma questão bastante alimentada pelo fenómeno das redes sociais, é importante deixar alguns sinais de alertas para os pais:
- idas frequentes à casa de banho após as refeições;
- cicatrizes ou calos nos dedos (provocados pela indução do vómito na boca e que depois provocam lesões no céu da boca);
- preocupações constantes relacionadas com o número de calorias ingeridas;
- prática exagerada de exercício físico;
- cárie dentária;
- dentes com pouco brilho ou que apresentam desgaste;
- oscilações de peso;
- isolamento social.
O mais essencial a memorizar é: tudo pode ser ultrapassado se diagnosticado com o tempo necessário.
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