A doença de Graves é uma doença autoimune de etiologia desconhecida, multifatorial e com evidente predisposição genética, que se caracteriza pela presença de hipertiroidismo, bócio, oftalmopatia e dermopatia infiltrativa. Pode surgir em qualquer idade, mas a maioria dos doentes tem entre 20 e 40 anos. Os pacientes com outras doenças autoimunes, como diabetes tipo I ou artrite reumatoide, têm maior probabilidade de desenvolver a doença.
O quadro clínico típico da doença resulta da produção e secreção excessiva das hormonas tiroideias T3 e T4, que fazem com que a glândula produza hormonas da tiroide em excesso, hipertiroidismo. A doença de Graves é a causa mais comum de hipertiroidismo e caracteriza-se pela produção de anticorpos pelo organismo, que estimulam a tiroide a funcionar em excesso.
As principais manifestações clínicas apresentadas pelos doentes são sudação excessiva, nervosismo, insónias, oscilações emocionais e irritabilidade, tremor das mãos, palpitações, perda de peso inexplicado, fraqueza muscular e falta de ar.
Os pacientes diagnosticados com a doença de Graves podem igualmente apresentar bócio, aumento de volume da porção inferior do pescoço devido ao aumento da glândula tiroideia e, oftalmopatia, inflamação e edema dos músculos extra oculares, bem como aumento do tecido adiposo e conjuntivo da órbita. Com estes sintomas oculares existe uma diminuição do pestanejar, os olhos ficam ressequidos e irritados, há interferência na visão e pode ocorrer lesão da córnea, e do nervo ótico, que transmite os impulsos para o cérebro, resultando em perda de visão.
Pode também surgir dermopatia infiltrativa. As lesões são geralmente assintomáticas, mas podem tornar-se pruriginosas ou dolorosas. Os sintomas cutâneos mais frequentes são a nível pré-tibial ou dorso do pé. A pele nesta área pode apresentar-se mais espessa e mais escura do que a pele normal e pode originar comichão.
O diagnóstico da doença de Graves é realizado com base nos sintomas manifestados pelo paciente e confirmado com recurso à medicina laboratorial.
Um artigo de Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica.
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