Tem sentido mudanças nas temperaturas ao longo do ano? O mais certo é que o seu animal de companhia vá reparando em todas essas mudanças.

É que grande parte dos parasitas que afeta os animais de companhia e os seres humanos aumenta no meio ambiente, mal as temperaturas sobem. E nos últimos anos tem havido uma tendência para o aumento da temperatura média diária anual em Portugal (IPMA), deixando hoje todos mais expostos a estes parasitas.

Os Médicos Veterinários apercebem-se destas alterações perante o número de animais de companhia afetados por parasitoses, por doenças associadas ou por doenças transmitidas por vectores. Vemos estes casos durante todo o ano, incluindo nas estações mais frias, quando poderíamos pensar que os animais estivessem menos expostos, o que pode levar algumas pessoas a não os proteger adequadamente nestas alturas.

Falamos de parasitas externos como as pulgas, as carraças, os mosquitos e os flebótomos - insectos voadores parecidos com os mosquitos - que se alimentam de sangue do hospedeiro. E todos sabemos como eles causam desconforto, prurido e outros sintomas cutâneos. Mas o pior é mesmo o facto de estes parasitas também poderem ser vectores de transmissão de doenças infecciosas graves, tanto para os animais de companhia como para os próprios seres humanos.

Por exemplo, as carraças podem transmitir a chamada febre da carraça através das suas picadas, se tiverem parasitado antes um indivíduo infectado. Na verdade, o termo “febre da carraça” é uma designação popular e simplista. Usa-se a expressão para falar de infeções causadas por diferentes hemoparasitas - ou seja, parasitas microscópicos do sangue - que partilham a mesma forma de contágio e a mesma sintomatologia.

Nos seres humanos, chama-se Doença de Lyme a uma dessas infeções. Da mesma forma, os flebótomos que parasitem um animal de companhia ou ser humano afetado por Leishmaniose podem de seguida infetar um indivíduo saudável.

Estas doenças podem apresentar-se com sintomas não específicos e ligeiros, como por exemplo febre, gânglios linfáticos aumentados, perda de peso e apetite. Ou podem evoluir de forma grave, causando anemia, hemorragias, insuficiência renal ou hepática, poliartrite, entre outros sintomas.

É importante sublinhar que apesar de as pessoas também poderem contrair estas doenças, são no sempre através da picada de insetos infetados, e nunca por contato direto com animais de companhia.

A melhor solução para reduzir a exposição de todos a estes parasitas e a estas doenças passa por protegermos os nossos animais de companhia durante o ano inteiro. É o que faço com o meu cão e é o que aconselho a todas as pessoas.

A escolha dos melhores antiparasitários e da vacinação adequada - assim como a sua frequência - devem ser prescritas para cada animal de companhia e para cada agregado familiar. O seu Médico Veterinário conhece os riscos a que o seu animal de companhia está sujeito e quais as melhores soluções disponíveis, as mais eficazes e que se adequam à sua família.

Confie nas recomendações especializadas, para que o plano de proteção e prevenção seja o melhor possível. Lembre-se sempre que ao proteger o seu animal de companhia, estará também a proteger toda a sua família, os seus amigos e a sociedade em geral.

Texto: Patrícia Branco, Médica Veterinária, Vice-Presidente da APMVEAC (Associação Portuguesa de Médicos Veterinários Especialistas em Animais de Companhia)