Sair da sua zona de conforto nunca é fácil mas, por vezes, basta um segundo para dar o passo decisivo, muitas vezes inesperado, que altera o curso dos acontecimentos. Foi o que sucedeu com a técnica de informática Olga Silva e com a empresária Manuela Carabina, que de repente arriscaram e deram uma volta de 180 graus. Dois testemunhos reais de quem mudou de vida para melhor. Inspire-se nestes exemplos e perca o medo que viver a realidade que sempre quis para si.
Olga Silva, 40 anos, técnica de informática, não era propriamente uma mulher feliz. «No início de 2002, após ter terminado uma relação onde houve muita violência emocional, psicológica e, até mesmo, física, estava a entrar em profunda depressão mas tive um momento de clareza. Ou mudava a minha vida ou ia cair num poço sem fundo», começa por contar. «Num desses dias, quando ia a sair do metro, deram-me um folheto sobre ioga e achei que poderia começar por ali», recorda.
«Comecei a ter aulas regularmente e isso abriu-me a porta para a espiritualidade. Depois, ao longo dos anos, fui percorrendo vários caminhos na busca de saber quem sou e qual o objetivo da minha vida», revela. «Foram várias as filosofias que experimentei e, neste momento, procuro a paz interior e melhorar a relação comigo e com tudo o que me rodeia, através do questionamento dos pensamentos e do trabalho com o corpo feminino», acrescenta Olga Silva.
O que antecedeu o momento de viragem
«Há 10 anos, era uma pessoa muito diferente do que sou hoje, apenas acreditava no que via, tinha relações conflituosas com a minha família, vivia a vida em termos de quantidade e nunca de qualidade», assume a técnica de informática. «Era cética em relação a tudo que não pudesse ver ou tocar e achava-me superior a todos. A culpa era dos outros e nunca minha e eram os outros que tinham a função de me fazer feliz! Hoje, sinto-me diferente», conta satisfeita.
E as vantagens? «As mais importantes são a união que sinto na minha família (pais, irmã e restante família), a relação com o meu atual companheiro que, a cada dia que passa, se torna mais cúmplice e profunda, a relação com a vida, o sentir que estou em constante transformação e a fluir com a vida nas suas mais variadas formas de manifestação», enumera ainda Olga Silva.
O clique que mudou tudo
Um dia, deu-se um clique e tudo se alterou. «O ponto de viragem foi o momento em que decidi que agora é que era. Ia mesmo mudar!», recorda «E, depois, as mudanças foram acontecendo», acrescenta ainda. Trata-se de um processo de constante transformação, onde há momentos em que sentimos que crescemos e outros em que sentimos que caímos», assegura.
«Só damos pela mudança quando ela já ocorreu, quando olhamos para trás e observamos que estamos vivos. Sinto a vida a pulsar dentro de mim e, acima de tudo, sinto paz com as escolhas que fui e vou fazendo. A mudança não para e estou bem comigo», finaliza a técnica de informática ribatejana, que depois de se ter licenciado em matemática em Coimbra escolheu Lisboa para residir.
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A ambição de uma mulher que se recusou a estagnar
Manuela Carabina, 46 anos, proprietária da gelataria Fragoleto, em Lisboa, também demorou tempo a arriscar. «A vontade de ter um negócio próprio surgiu na altura em que percebi que, em termos profissionais, provavelmente iria fazer a mesma coisa durante muitos anos (trabalhava em marketing e comunicação empresarial)», começa por contar. «Não tinha uma ideia predeterminada do que iria fazer, sabia apenas que queria fazer algo na área da alimentação», diz.
«E, um dia, um amigo, após ter provado um gelado que eu tinha feito sugeriu-me abrir uma gelataria», recorda. «Achei a ideia interessante e comecei a pesquisar. Percebi que Itália era a Meca dos gelados e decidi ir para lá fazer um curso profissional», explica com entusiasmo. «Descobri um mundo novo e fiquei entusiasmada com a arte de fazer gelados. Um ano e meio depois do meu regresso a Portugal, abri a Fragoleto», prossegue.
«Um espaço tal e qual como queria, um sítio pequeno e numa rua da baixa, uma zona única e muito especial de Lisboa. Já lá vão sete anos e adoro esta profissão, através da qual dou um bocadinho de prazer às pessoas, algo muito importante e cada vez mais escasso nos dias que correm», referiu em 2012. «Fazer gelados é uma descoberta constante a vários níveis», continua a pensar hoje.
Um desafio permanente
O desafio é grande. «Há a parte de produção que envolve a componente de elaboração de novos sabores, isto é, a parte criativa que tem muito a ver comigo, mas também a vertente comercial, ou seja, a da venda dos gelados na loja e a relação e a comunicação que estabeleço com os clientes para receber o seu feedback, algo que considero fundamental e está relacionado com o meu passado profissional», explica.
«Hoje, tenho duas lojas, uma na Rua da Prata e outra no centro comercial Monumental, acabada de inaugurar. Expandir-me para outros pontos do país não está nos meus objetivos. O gelado artesanal (sem corantes nem conservantes) obriga a algumas regras que não se compadecem com uma escala muito grande de produção. Quero preservar este lado artesanal do negócio», afirmava à Saber Viver em meados de 2012.
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