Nos dias que correm, numa sociedade onde as coisas acontecem a uma velocidade estonteante, a exigência é muita e a pressão laboral também. O "Guia da inteligência emocional", um livro lançado pela Bertrand Editora, promete-nos uma "emocionante viagem ao interior de cada um", com pontos de partida tão diversos como a infância, a idade adulta, a personalidade, as emoções e as relações afetivas, sociais ou mesmo laborais.
Por isso, decidimos partilhar consigo excertos do capítulo desse livro inspirado na teoria do conhecido psicólogo Hendrie Weisinger. Aprenderá a identificar o seu tipo de energia emocional no emprego, os seus pontos fortes e áreas que pode melhorar, assim como a munir-se de ferramentas para lidar com as chefias de forma inteligente e, sobretudo, saudável. Comece, primeiro, por perceber qual o seu ritmo de trabalho.
Seja qual for o seu ritmo, pode trabalhar em qualquer profissão, já que não é o trabalho em si que o vai afetar mas, sim, o ambiente no qual o mesmo se desenvolve, que obriga a uma adaptação permanente e exige positivismo para enfrentar contrariedades. "As pessoas pessimistas têm [geralmente] baixa autoestima", considera o especialista americano, que distingue diferentes tipos de trabalhadores e de chefias.
Trabalhadores de ritmo lento
Ter um ritmo lento é prejudicial para a produtividade mas tem vantagens. Os trabalhadores com este ritmo costumam mover-se devagar e tendem a conservar as suas energias. Tendem a ser muito pacientes e suportam bem os momentos em que o trabalho diminui. Têm também um baixo nível de motivação e não gostam de confrontos. Evitam tudo aquilo que lhe possa proporcionar stresse.
Em função disso, existe uma série de pontos em que devem melhorar, uma vez que não desenvolvem ao máximo todas as suas capacidades. Quando têm de enfrentar um ambiente de ritmo rápido, estes trabalhadores cansam-se facilmente, prejudicando o seu rendimento em consequência disso e, em algumas ocasiões, tornando mais lento o trabalho de toda a equipa. Podem mostrar tendência para depressão.
Trabalhadores de ritmo rápido
As vantagens são notórias. Os trabalhadores com um ritmo rápido movem-se rapidamente e contam com um alto nível de energias. Estão sempre motivados. Toleram o stresse e recuperam rapidamente. Aceitam e, para além disso, procuram os desafios e as situações novas. Costumam ter uma boa opinião sobre si próprios, sobretudo no que se refere ao trabalho. O seu rendimento é alto.
Em ambientes de ritmo lento, sofrem, contudo, um grande desgaste. A falta de desafios provoca-lhes ansiedade. São mais difíceis de controlar e, às vezes, podem chegar a transformar-se num incómodo porque, quando não têm nada para fazer, distraem os outros ou incomodam os seus chefes pedindo-lhes novas tarefas.
Podem mostrar-se irascíveis se precisarem de esperar que os outros terminem uma parte do trabalho para iniciar o seu. Não evitam os conflitos mas, pelo contrário, podem chegar a provocá-los. Se se revê nesta descrição, estes são aspetos em que devem melhorar.
Como lidar com chefes de ritmo emocional lento
A pessoa de ritmo emocional lento sente-se intimidada perante as pressões e, quando isto acontece, torna-se irritável. Se tem um ritmo emocional rápido, estas são as normas que deve ter em conta para lidar com um chefe de ritmo emocional lento:
- Nunca o submeta a pressão nem lhe apresente mais de um problema ao mesmo tempo
- Mostre-se o mais relaxada possível
- Exponha-lhe os problemas ou as perguntas falando pausadamente e deixando-lhe tempo suficiente para pensar nas respostas
- Não lhe mostre a cada passo o que está a fazer. Espere até terminar a sua tarefa para que ele veja os resultados
- Não recorra a ele para que lhe esclareça dúvidas, se estas podem ser resolvidas por um colega com mais experiência
Como lidar com chefes de ritmo emocional rápido
Os chefes com este tipo de ritmo emocional costumam ser exigentes com os seus empregados e, com frequência, submetem-nos a situações de stress. Para se dar bem com um chefe deste tipo:
- Não se empenhe em terminar algo que só terá de estar pronto dentro de dois dias, por mais importante que seja. É melhor ocupar-se em ter pronto o que ele lhe pedirá dentro de pouco tempo
- Estabeleça prioridades
- Mesmo que não tenha nada para fazer, tente que a veja sempre ocupada. Quando estas pessoas veem os outros sem fazer nada, tendema sentir que a produtividade baixoue mostram-se irritáveis
- Estabeleça prazos concretos
Trabalhadores dominantes
É dominador ou submisso no trabalho? Os indivíduos dominantes expressam claramente as suas ideias. Não têm qualquer problema no momento de pedir aquilo que precisam ou de negar o que consideram que não devem dar. Costumam ver mais a floresta do que a árvore. Têm, habitualmente, uma visão de conjunto, global, que lhes permite ver os diferentes aspetos da tarefa que se está a realizar em comum.
Gostam de dar instruções e detetam facilmente os erros que possam ocorrer nos diferentes setores. Sabem também colaborar com os outros. Estas pessoas são, geralmente, convincentes e podem influenciar os outros. Sabem expressar os seus desacordos e não têm medo de falar em público. Não procuram agradar.
A sua prioridade é que o trabalho seja feito da maneira mais eficaz e rápida possível. Têm uma grande auto exigência. Não têm dúvidas no momento de aplicar uma sanção se com ela regularizam o trabalho. Tudo isto são vantagens.
Existem, todavia, pontos em que devem melhorar, uma vez que uma pessoa com este tipo de postura pode tornar-se autoritária e, frequentemente, teimosa. Se não tem um alto grau de empatia, pode com facilidade converter-se em déspota. Não evita os conflitos. Nem sempre está disposta a ouvir as opiniões alheias. Se tem um ritmo emocional muito elevado, pode pressionar excessivamente os outros.
Trabalhadores submissos
A sua tendência é ver mais a árvore do que a floresta. Fixa-se nos detalhes do trabalho que está a fazer. Sabe ouvir os outros e, geralmente, costuma estar de acordo. Precisa de ser aceite. Prefere trabalhar em equipa ou sob a supervisão de outra pessoa. É o seu caso? Este tipo de comportamento tem vantagens. Quem adota esta postura tem geralmente um bom nível de concentração. Não participa em conflitos.
Costuma, por norma, ser bem aceite pelos colegas. Não discute ordens. Limita-se, pura e simplesmente, a acatá-las. Permite aos outros expressar as suas próprias opiniões. No entanto, raras vezes expressa as suas opiniões. No máximo, fá-lo em privado com algum colega mais próximo. Não sabe dizer que não e fica muito angustiada quando não tem aquilo de que precisa já que lhe custa muito pedir.
Costuma dizer o que acha que os outros esperam ouvir e não o que realmente pensa. Para além disso, tem muito medo de ferir os sentimentos alheios, procurando resguardar-se em comportamentos e afirmações para não magoar ninguém, uma situação que tenta a todo o custo evitar. Se tem um cargo diretivo, pode ter problemas com a disciplina, daí a necessidade de melhorar todos estes aspetos.
Como lidar com chefes submissos
A relação com um chefe deste tipo pode ser uma bomba-relógio. O chefe submisso sabe que está num posição falsa, por isso vivo ameaçado, se alguém lhe faz sentir a sua debilidade, é provável que veja o seu posto em perigo e tome medidas antes que a catástrofe se apresente. Estes chefes têm, com frequência no seu departamento, um empregado dominante de confiança.
É habitualmente esse colaborador que lhes faz o chamado trabalho sujo. E, nesse caso, o melhor é tratar o tal empregado como se ele fosse realmente o chefe, para se dar bem com um chefe submisso deve seguir estas dicas:
- Não apresente conflitos
- Não lhe faça queixas. Ele não enfrentará outras pessoas dominantes que quiserem abusar de nós para nos dar razão mas, sim, o contrário
- Apresente-lhe soluções para os possíveis problemas que surjam
Como lidar com chefes dominantes
As pessoas dominantes precisam de sentir que as coisas se fazem como elas querem. São egocêntricas e gostam que as ordens que dão sejam cumpridas. No entanto, quando os outros se mostram irracionalmente submissos na sua presença, irritam-se porque isso não representa qualquer desafio para elas. É necessário conseguir um equilíbrio baseado no respeito mútuo.
As chaves para ter uma boa relação com um chefe dominante são:
- Manifestar respeito pelas suas opiniões, caso sejam respeitáveis
- Não se opor diretamente às suas ideias mas sim fazer perguntas que o façam dar-se conta dos seus erros
- Não mostrar temor diante da sua presença
- Olhar sempre para a sua cara
- Expressar abertamente as próprias opiniões apenas quando ele as solicitar
Texto: Nazaré Tocha
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