Se está a pensar comprar casa, pode ser difícil perceber qual o valor máximo que consegue pagar. Até porque esse limite depende de vários fatores, como o montante de capitais próprios, o rendimento líquido, os impostos associados à aquisição do imóvel e até à existência de outros empréstimos.

Ou seja, é essencial ter a noção da capacidade financeira para fazer face a estas despesas e evitar surpresas.

Neste artigo, explicamos o que deve ponderar para saber qual a casa que pode comprar.

A importância dos capitais próprios

O montante de capitais próprios é um dos fatores que vai determinar qual a casa que pode comprar. Ainda assim, esse dinheiro não deve ser todo destinado à entrada do imóvel, uma vez que também terá de pagar impostos no momento da escritura.

Além disso, a entrada deve corresponder a pelo menos 10% do valor do imóvel, já que os bancos só financiam até 90% do valor.

Assim, façamos umas contas rápidas com a ajuda do Simulador: Que Casa Consigo Comprar do Doutor Finanças.

Se tiver 20 mil euros guardados, os cálculos apontam para um imóvel um pouco abaixo dos 150 mil euros. Este montante de capitais próprios divide-se da seguinte forma: cerca de 15 mil euros de entrada e os restantes 5 mil para impostos e despesas.

No entanto, como veremos a seguir, este não é o único fator que vai influenciar o preço da casa que pode comprar.

A importância da taxa de esforço e da idade

A prestação da casa não deve comprometer o seu orçamento nem a sua capacidade de fazer face a outras despesas diárias. Assim, também é essencial considerar a taxa de esforço no momento de decidir que casa comprar.

Ao mesmo tempo, a idade de quem compra também é um fator a ter em conta. Por exemplo, uma pessoa com 30 anos pode pagar a casa num prazo máximo de 40 anos, mas um comprador com 35 anos só pode fazer um crédito com uma maturidade máxima de 37 anos.

Para perceber de que forma é que isto influência o preço do imóvel que se pode comprar, vamos considerar de novo capitais próprios no valor de 20 mil euros. Em todos os cenários considerámos que os compradores não têm mais nenhum empréstimo.

Comprador com 30 anos e rendimento líquido de 2.000 euros

No cenário recomendado pelo simulador, esta pessoa pode comprar uma casa um pouco abaixo dos 150 mil euros, pela qual pagará uma prestação mensal de 617 euros (taxa de esforço de 30%).

Comprador com 30 anos e rendimento líquido de 1.000 euros

No mesmo cenário, uma pessoa que ganhe 1.000 euros por mês pode comprar uma casa a rondar os 93 mil euros. A prestação mensal seria de 350 euros (taxa de esforço de 34%).

Comprador com 35 anos e rendimento líquido de 2.000 euros

Neste caso, a prazo máximo do empréstimo é de 37 anos. Assim, apesar de o imóvel ambicionado poder ser na mesma de quase 150 mil euros, a prestação mensal sobe para 633 euros (taxa de esforço de 31%).

Comprador com 35 anos e rendimento líquido de 1.000 euros

Por fim, para pagar a casa em 37 anos com um rendimento líquido de 1.000 euros, pode comprar um imóvel a rondar os 91 mil euros. A prestação mensal será de 350 euros (taxa de esforço de 35%).

Em todos estes exemplos apontámos o cenário recomendado pelo simulador. No entanto, este pode apresentar até três cenários (recomendado, alternativo e limite), com valores de imóveis progressivamente mais altos.

Ainda assim, tenha em conta que nos cenários alternativo e limite a prestação mensal pode ser superior ou o montante de capitais próprios pode ser maior do que aquele que tinha planeado.

Quais os impostos e comissões que tenho de os pagar?

Como referimos acima, deve guardar algum dinheiro para o pagamento de impostos e outras comissões. Por exemplo, se comprar uma casa de 150 mil euros, saiba que vai precisar de cerca de 2.500 euros para pagar o Imposto Municipal Sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e o Imposto do Selo pela operação de compra.

Se recorrer a um empréstimo bancário terá também de pagar Imposto do Selo sobre o montante financiado.

No momento da escritura vai ter de pagar o registo e/ou hipoteca, bem como outros documentos necessários. Dependendo da quantidade de atos a registar e do sítio onde fizer esse registo, o encargo pode superar os 1.000 euros.

Por fim, prepare-se para eventuais custos relacionados com comissões ou despesas com documentação.