As notícias sobre a possível subida das taxas de juro na Zona Euro começam a multiplicar-se. Para quem tem crédito habitação, é certo que terá um aumento dos seus encargos com as prestações, e é normal que se questione se é altura de mudar para a taxa fixa.

É importante ter em consideração que a história nos mostra que as subidas não serão bruscas, uma vez que o Banco Central Europeu (BCE) tem por regra implementar alterações progressivas. Ainda assim, se a taxa de inflação continuar em níveis elevados, o mais certo é o BCE ter de atuar. E isso terá impacto nas prestações de crédito para quem tem o contrato de financiamento indexado a uma taxa variável, ou seja, à Euribor.

É melhor mudar já para a taxa fixa?

Na verdade, ninguém poderá dizer com toda a convicção que a melhor solução é mudar o crédito para taxa fixa. Isto porque depende de muitos fatores.

Nos últimos anos compensou mais ter o crédito associado à taxa variável do que à taxa fixa, uma vez que a Euribor esteve (e continua a estar) em valores negativos. Antes de tomar qualquer decisão deve responder a algumas questões:

  • O que é mais importante para si: pagar mais agora e contar com estabilidade no futuro, ou pagar menos neste momento e viver com a incerteza do futuro (arriscando pagar mais depois)?
  • A casa que está financiada por esse empréstimo é para viver o resto da vida ou tenciona mudar nos próximos anos?

A resposta a estas duas questões será determinante porque o ajudará a tomar uma decisão mais consciente.

Taxa fixa implica pagar mais no imediato

Contratar um crédito a taxa fixa corresponde a pagar mais pela prestação. Isto no imediato. Vejamos: imaginemos um caso em que consegue uma taxa fixa a 30 anos de 2%, que é um valor baixo. Um crédito de 100 mil euros, com um prazo de 300 meses, representa uma prestação de 423,85 euros.

Já um contrato com as mesmas condições, indexado a uma Euribor a seis meses, com um spread de 1,25%, corresponde a uma prestação de 365,53 euros, menos 58,32 euros do que o contrato a taxa fixa.

Contudo, quem tiver um contrato com taxa fixa não precisa de se preocupar com o que vai acontecer no futuro, porque, independentemente das taxas de juro subirem, este contrato não sofrerá alterações.

Como ninguém consegue prever o futuro, a única coisa com que podemos contar é com a história. E, analisando a evolução, a média da Euribor a seis meses desde 2007 não chega a 1%, precisamente pelas taxas negativas com que vivemos desde 2015. Contudo é importante destacar que a Euribor chegou a negociar acima dos 5% em 2008, antes da crise financeira.

Esta casa é para o resto da vida?

Porque é que é importante saber se vai ficar com esta casa para o resto da vida ou se tenciona vendê-la? Porque para terminar o contrato de crédito antes do período combinado inicialmente terá de pagar uma comissão por reembolso antecipado.

Se o seu contrato de crédito estiver associado a uma taxa variável a comissão é de 0,5% do capital em dívida. Se estiver indexado a uma taxa fixa a comissão é de 2%. Num contrato de 100 mil euros corresponde a 500 euros, no caso de taxa variável, e de 2.000 euros, no caso da taxa fixa.

Estas duas questões são muito importantes para quem está a pensar se deve mudar o indexante no seu crédito habitação ou para quem está a pensar contrair um novo empréstimo. Ninguém, de forma rigorosa, poderá dizer qual das opções será a melhor, porque as condicionantes (e as incertezas) são muitas.

Antes de avançar, o importante é perceber com o que pode contar.