O amontoamento da alga originária da Ásia tem afetado sobretudo as praias do concelho de Lagoa e Albufeira e já originou um “muro” na praia do Carvoeiro com “uma altura de 1,20 metros em toda a extensão do areal”, disse há dois dias à agência Lusa Anabela Rocha, vice-presidente da Câmara de Lagoa.

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) referiu, numa nota de esclarecimento enviada à Lusa, que “embora não se tenham identificado problemas para a saúde pública associados à espécie [a alga 'Rugulopteryx okamurae'], a mesma (…) possui extrema resiliência, inibindo o seu consumo por herbívoros generalistas e o desenvolvimento de outras espécies na sua área de ocorrência”.

Além disso, as condições da corrente podem levar à decomposição das algas no local, facto que “constitui um foco de maus cheiros na praia, e uma alteração no perfil de solo do areal”, o que prejudica a “normal fruição das praias”, adianto a APA.

A entidade responsável pela implementação das políticas de ambiente em Portugal assinalou que a situação está a ser acompanhada pelas autarquias, “havendo indicação para a remoção das massas algais nas zonas balneares”.

Uma alga originária da Ásia está a invadir as costas do barlavento (oeste) algarvio, havendo praias em que a sua acumulação originou uma barreira de 1,20 metros de altura, criando problemas aos setores do turismo e da pesca, aeal da praia de Dona Ana, Lagos, 27 de junho de 2023. De acordo com informação publicada na plataforma Algas na Praia, nas costas rochosas do barlavento, as acumulações são causadas por uma alga castanha invasora originária dos mares do Japão e Coreia, cujo nome científico
Uma alga originária da Ásia está a invadir as costas do barlavento (oeste) algarvio, havendo praias em que a sua acumulação originou uma barreira de 1,20 metros de altura, criando problemas aos setores do turismo e da pesca, aeal da praia de Dona Ana, Lagos, 27 de junho de 2023. De acordo com informação publicada na plataforma Algas na Praia, nas costas rochosas do barlavento, as acumulações são causadas por uma alga castanha invasora originária dos mares do Japão e Coreia, cujo nome científico créditos: LUÍS FORRA/LUSA

A Administração da Região Hidrográfica do Algarve da APA está a “acompanhar um conjunto de iniciativas privadas que pretendem proceder ao aproveitamento das massas de algas que surgem ao largo do litoral algarvio”.

O fenómeno não é inédito e o Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve (UAlg) criou há dois anos uma plataforma para recolher dados sobre as algas encontradas nas praias algarvias e perceber quais as espécies invasoras que levam a grandes acumulações nos areais.

A plataforma Algas na Praia indica que, nas costas rochosas do barlavento, as acumulações são causadas por uma alga castanha invasora originária dos mares do Japão e da Coreia, a 'Rugulopteryx okamurae'.

“Esta alga está mais desenvolvida agora, porque tem melhores condições para se desenvolver, mas está presente durante todo o ano”, disse à Lusa o investigador Rui Santos, do CCMAR.

De acordo com os investigadores, a 'Rugulopteryx okamurae' apareceu pela primeira vez no sul de França, tendo, em seguida, alastrado para Espanha, Marrocos e Portugal.

“A sua erradicação é quase impossível”, sendo necessário reduzir a área que ocupa através da sua “remoção ou aproveitamento para alguma utilização económica”, que ainda não foi encontrada, adiantou Rui Santos.