Um ataque de pânico é uma experiência absolutamente avassaladora, que leva quem o vivencia até uma sensação de ‘quase morte’. O ataque de pânico caracteriza-se pela sua rapidez, intensidade e pelo misto de sintomas físicos e emocionais.
Quando os ataques de pânico surgem, pelo desconforto que implicam, levam à procura rápida de uma forma de os dominar. Isto é, a tendência natural perante ataques de pânico, regra geral, passa por tentar medidas para os controlar, seja através da respiração, seja através de estímulos físicos, ou de visualização de outros cenários, por exemplo. No entanto, quando se quer que os ataques de pânico efetivamente reduzam de intensidade e frequência é muito importante olhar para lá de tudo aquilo que é evidente. Uma vez que as medidas que permitem controlar um ataque de pânico apenas apresentam um efeito paliativo, não permitem a sua compreensão e a análise do seu real significado.
Para que a solução vá para além do paliativo, para que os ataques de pânico se possam extinguir sem darem lugar a outro tipo de sintomas, é imprescindível compreender tudo aquilo que representa um ataque de pânico.
Por norma, um ataque de pânico surge na sequência de uma grande contenção emocional. Assim, um ataque de pânico representa um grito de ajuda do interior de quem o vive, procura levar a pessoa sintonizar-se consigo própria e permite ‘drenar’ e atirar para fora de si — de forma quase hemorrágica — tudo aquilo que não foi expresso, tudo aquilo que se procurou ignorar, esconder ou que não teve espaço de integração no interior de cada um.
Perante tudo isto, as soluções efetivas para ataques de pânico recorrentes precisam de passar sempre pela aprendizagem emocional, pela capacidade da pessoa aprender a valorizar, a expressar e a dar um sentido a tudo aquilo que vai experienciando no seu dia a dia. Só quando a contenção emocional for extinta e, a par dessa extinção, se for capaz de lidar com as emoções, se pode desejar o fim dos ataques de pânico, sem que à custa disso, surjam outro tipo de sintomas.
Lembremo-nos, em síntese, que um ataque de pânico é um pedido de ajuda do nosso interior e do nosso corpo e que precisamos de responder a esse pedido de ajuda, olhando para ele, muito para lá de tudo aquilo que nos parece claro e evidente.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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