Na que será a 27.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), e que decorrerá até 18 de outubro, são esperados mais de 35 mil participantes, com 2.000 intervenções marcadas sobre mais de 300 tópicos.
Apesar dos números, apesar de o Presidente egípcio, Abdel Fattah El-Sisi, dizer que a COP27 é a oportunidade para “mostrar unidade contra uma ameaça existencial”, não são esperados grandes progressos na luta contra o aquecimento global, tendo em conta que os grandes líderes umndiais não vão comparecer, ao contrário do que aconteceu em outros encontros, como na COP26, em 2021 em Glasgow, Reino Unido.
A COP27, que marca o 30.º aniversário da adoção da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla original) mantém basicamente os mesmos objetivos de outras cimeiras desde 2015, quando foi assinado o Acordo de Paris, para limitar o aquecimento global a 2ºC (graus celsius), e se possível a 1,5ºC, acima dos valores médios da época pré-industrial.
Na página oficial da COP27 diz-se que manter vivo o objetivo dos 1,5ºC exige “ações ousadas e imediatas de ambição de todas as partes”, sendo a cimeira “um momento para os países cumprirem as promessas e compromissos” para se atingirem os objetivos do Acordo de Paris.
Na cimeira, diz a organização, os países devem rever as suas contribuições para a redução de emissões de gases com efeito de estufa, e devem criar um plano de trabalho para mitigar os efeitos das alterações climáticas. A adaptação, acrescenta, é fundamental, como também é ajudar nessa adaptação as comunidades mais vulneráveis.
E de Sharm el-Sheik é considerado essencial que saiam ainda “progressos significativos na questão crucial do financiamento climático”. Os países ricos comprometeram-se em apoiar os países mais pobres na questão da luta contra e adaptação às alterações climáticas com 100 mil milhões de dólares por ano mas tal ainda não aconteceu.
Além das “grandes questões”, como as contribuições de cada país ou região para limitar o aquecimento global ou o financiamento, a presidência egípcia da COP27 programou dias temáticos e eventos paralelos, dedicados a temas como finanças, ciência, juventude, descarbonização, perda de biodiversidade, água, agricultura ou energia.
Serão também debatidos temas como o papel das cidades na luta contra o aquecimento global, o impacto do clima na saúde, os sistemas de água e saneamento, a alimentação e o lixo. Uma chamada “zona verde”, onde se juntarão empresas, sociedade civil e meio académico, vai albergar também mais de 100 iniciativas.
Apesar de a organização considerar a COP27 uma “oportunidade de ouro” para o mundo enfrentar eficazmente o desafio global das alterações climáticas, apesar dos apelos aos líderes mundiais para fazerem da cimeira um momento “chave”, esses mesmos líderes não têm manifestado intenção de comparecer, muitos deles a braços com uma crise energética, alimentar e inflacionista decorrente da invasão da Ucrânia pela Rússia.
A COP27 acontece quando a crise climática se faz sentir cada vez mais, exemplificada numa seca sem precedentes na Europa, com o verão mais quente dos últimos 500 anos, ou com inundações também históricas no Paquistão, onde um terço do país ficou inundado, e mais recentemente em África.
Há cerca de uma semana um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência da ONU, alertava que os níveis dos principais gases com efeito de estufa continuaram a subir em 2021 e os dados indicam que 2022 vai pelo mesmo caminho.
E outro relatório da ONU, do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), alertava que as políticas internacionais atuais estão a dirigir a Terra para um aquecimento de 2,8ºC até ao fim do século, muito acima dos 2ºC com os quais os países do mundo se comprometeram em 2015 e que não cumpriram.
O relatório indica que se forem cumpridos os compromissos assumidos na COP26 de Glasgow as temperaturas subirão entre 2,4ºC e 2,6ºC. É legítimo que se duvide que surjam objetivos ainda mais ambiciosos na COP27 se os assumidos anteriormente não foram cumpridos.
Há cerca de um mês o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu ao mundo para na COP27 agir para prevenir desastres climáticos e salvar a espécie humana.
"É uma questão de vida ou morte para nós, para a nossa segurança hoje e para a nossa sobrevivência amanhã", disse António Guterres na sede da ONU, no início de uma conferência preparatória da COP27.
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