A cidade de Pompeia, no sul de Itália, sempre foi um exemplo de organização e de engenho na civilização romana e as suas ruínas, visitadas por milhares de pessoas todos os anos em épocas normais, ainda hoje atestam isso mesmo, como o documentam inúmeros estudos. Um dos mais recentes revela que a reciclagem já era uma preocupação os seus habitantes antes do ano 79 da atual era cristã, ano em que a localidade italiana ficou debaixo de cinzas da lava expelida pelo vulcão Vesúvio.
Embora a reciclagem de resíduos pareça uma preocupação recente, um estudo realizado por um grupo de investigadores da Universidade de Cincinnati e da Universidade de Tulane,nos Estados Unidos da América, liderado pela arqueóloga e professora Allison Emmerson, mostra que, em Pompeia, a separação do lixo já era uma prática comum. Em vez de eliminarem os resíduos e os objetos estragados e partidos, os romanos acumulavam-nos à entrada da cidade, num espaço próprio, onde os separavam.
O armazenamento era feito de acordo com a sua utilidade para serem posteriornente reutilizados. Os investigadores descobriram este facto quando analisaram diversos estratos de terreno da zona de Pompeia e verificaram que, fora da cidade, numa zona específica, há traços de resíduos muito distintos, como pedaços de cerâmica e de vidro, carvão e ossos de animais, não havendo quaisquer vestígios de peças inteiras. Isto significa, segundo os investigadores, que lhes seria dado outro uso de imediato. Os resíduos eram acumulados e, quando o seu número já era suficiente, eram reciclados, sendo posteriormente usados para a construção de novos edifícios.
Os investigadores americanos afirmam que, após a elaboração da estrutura inicial, as edificações seriam, depois, cobertas com gesso para dar um aspeto mais uniforme à cidade. Outro aspeto realçado pelo estudo arqueológico que levaram a cabo é que as sobras resultam de uma acumulação contínua ao longo do tempo, o que torna pouco provável que possam ser resultado apenas do despejo de resíduos após a cidade ter ficado destruída devido à erupção do vulcão que se avista no golfo de Nápoles.
Os autores do relatório arqueológico defendem ainda que esta forma de gestão dos resíduos é bastante diferente da que fazemos hoje. Após a análise a vários sedimentos que leveram a cabo, constataram que a preocupação fundamental com a reciclagem em Pompeia, à semelhança do que ocorreria noutras cidades, era a de reutilizar o mais depressa possível os tais resíduos, em vez de os afastarem de casa e encarregarem, posteriormente, alguém de os reciclar, como se faz hoje na maior parte dos sítios.
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