O “Global Futures” resulta de uma parceria entre a organização internacional de defesa da natureza “World Wide Fund for Nature” (WWF), o “Projeto Global de Análise de Comércio”, de análise quantitativa de política económica internacional, e o “Projeto Capital Natural”, que junta académicos e outros profissionais para tornar a avaliação do capital natural mais fácil e acessível.
O relatório analisa as consequências do declínio da natureza nas economias do mundo, nos setores do comércio e indústria. Destina-se a consciencializar líderes políticos e empresariais para os riscos para a prosperidade económica resultantes da degradação ambiental global.
Os autores do documento desenvolveram um novo modelo para calcular os impactos financeiros do declínio dos ecossistemas. Os impactos incluem a polinização, a erosão costeira ou a provisão de água, os corais a provisão de madeira ou a pesca.
E alertam que a menos que seja revertida a perda de biodiversidade serão perdidos biliões de dólares nas economias do mundo, as indústrias serão afetadas e a vida de milhões de pessoas será também afetada.
Englobando 140 países, o estudo estima que a inação face à destruição da natureza e da biodiversidade pode custar às economias mundiais cerca de 10 mil milhões de dólares até 2050.
“Desde alterações climáticas, fenómenos climáticos extremos e inundações, escassez de água, erosão do solo e extinções de espécies, tudo mostra que o planeta está a mudar mais rapidamente do que em qualquer outro momento da história”, diz-se no documento.
E acrescentam os autores: “A maneira como nos alimentamos, abastecemos e financiamos está a destruir os sistemas de suporte à vida do planeta, dos quais dependemos. Quando entramos numa nova década não estamos apenas com uma crise ambiental, caminhamos para uma crise económica também”.
O relatório conclui que num cenário de “negócio como de costume” (“business-as-usual”), sem intervenção na defesa da natureza, e tendo apenas em conta a perda de seis serviços ecossistémicos, haverá uma queda no PIB global anual de 479 mil milhões de dólares, comparando com valores de 2011.
Fazendo as contas, para o período de 2011 a 2050 as perdas são equivalentes a 9,86 biliões de dólares.
No mapa dos países que mais vão sofrer, Portugal está “no vermelho”, a par de outros como a Irlanda, a Austrália, o Uruguai, a Costa do Marfim, Moçambique e Madagáscar (estes dois também com problemas mesmo num cenário de proteção da natureza).
Os autores do relatório recomendam aos governos que façam um acordo global para a natureza e pessoas, incorporando uma forte proteção global da biodiversidade e interrompendo a perda global dessa biodiversidade até 2030, começando uma recuperação da natureza a partir dessa data.
É preciso também, advertem, incorporar o valor da natureza e dos serviços ecossistémicos no planeamento do uso da terra, nas estratégias de crescimento e desenvolvimento, e nos planos de ação contra as alterações climáticas. Aliás, dizem, a contabilidade do capital natural devia ser incorporada nos orçamentos anuais dos países.
A população é encorajada a envolver-se e a exigir um novo acordo pela natureza e as empresas a comprometerem-se com ações de investimento em linha com a proteção da natureza, eliminando ao mesmo tempo atividades prejudiciais ao meio ambiente.
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