O Mançanares, que nasce na serra de Guadarrama e atravessa Madrid, capital de Espanha, é o rio europeu mais contaminado com químicos farmacêuticos, revela um estudo realizado por uma equipa de cientistas da Universidade de Iorque, em Inglaterra. Os investigadores britânicos analisaram amostras de 258 cursos de água recolhidas em 137 regiões geográficas e concluíram que é no Paquistão, na Bolívia, na Etiópia, na Índia e na Tunísia que se encontram os rios mundiais mais infetados.

O Mançanares, que tem 92 quilómetros de cumprimento, nasce no Ventisquero de la Condesa, a 2.350 metros de altura. Desagua no rio Jarama, um dos principais afluentes do Tejo, pouco antes de chegar a Aranjuez, a cerca de 300 quilómetros de Portugal. De acordo com aquele que é o maior estudo para identificar resíduos químicos de origem farmacêutica em águas fluviais alguma vez realizado, o Mançanares está mais contaminado do que o Tamisa, o Sena ou o Danúbio.

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As análises laboratoriais das amostras recolhidas detetaram uma média de 17 microgramas de fármacos por litro mas, na região de Madrid, há pontos em que esse valor chega a ser quase quatro vezes superior. Cinco das substâncias identificadas são potencialmente perigosas para o meio ambiente, como é o caso do cloridrato de propranolol. Presente em medicamentos para o controlo da hipertensão, da angina de peito, das arritmias cardíacas e da taquicardia, também integra a composição de fármacos prescritos para a prevenção de enxaquecas. O verapamil e o citalopram, um antidepressivo, ameaçam os ecossistemas aquáticos.

O metronidazol e o sulfametoxazol, dois dos antibióticos observados nas águas do Mançanares, potenciam o desenvolvimento de bactérias resistentes a estas substâncias, alertam ainda os autores da investigação. O rio Tejo, um dos dois que foram estudados em Portugal, ocupa a quinquagésima-oitava posição no ranking, composto por 258 cursos de água. Na Madeira, também foram recolhidas amostras numa das ribeiras. Os valores detetados não são, todavia, significativos.