Nem sempre são consensuais e muitas das vezes nem sequer são consideradas as melhores do artista que as criou mas, ainda assim, despertam paixões e suscitam (muitas) cobiças. Ao contrário do que possa pensar, nem todas as criações dos pintores mais célebres estão em museus. Muitas pertencem a investidores e a colecionadores que, sempre que a oportunidade surge, não olham a meios para aumentar o seu espólio. Descubra, de seguida, quais é que foram consideradas as mais valiosas em 2020.
1. Le rêve
É um dos quadros que o artista plástico espanhol Pablo Picasso pintou em 1932. Uma pintura a óleo sobre tela que representa a amante do também escultor, ceramista, dramaturgo, poeta e cenógrafo, Marie-Thérèse Walter, então com 22 anos. Terá sido, alegadamente, pintada numa única tarde. Para além do conteúdo erótico que possui, seduz pelas cores (muito) chamativas.
Alguns estudiosos afirmam que a parte superior da cabeça da figura feminina representa o falo do pintor. Foi vendida por 131,8 milhões de euros ao empresário norte-americano Steven A. Cohen. O fundador da empresa de gestão de fundos financeiros SAC Capital Advisors também é um dos donos dos New York Mets, uma das equipas profissionais de beisebol dos EUA.
2. Portrait du Docteur Gachet
Em 1890, o pintor holandês Vincent van Gogh retratou Paul Gachet, o médico homeopata e artista de origem francesa que o acompanhou quando esteve internado em Saint-Rémy-de-Provence, em França. Existem duas versões autenticadas. A primeira foi adquirida pela Städelsches Kunstinstitut und Städtische Galerie, galeria de arte alemã sediada em Frankfurt, em 1991. Confiscada pelo dirigente militar nazi Hermann Göring, foi vendida num leilão em 1990 por 68,6 milhões de euros, um recorde para a altura.
O comprador foi o empresário japonês Ryoei Saito, presidente do conselho de administração da Daishowa Paper Manufacturing. Atualmente, valeria cerca de 126,8 milhões de euros. Desde essa altura, nunca mais fois vista, apesar das autoridades alemãs tentarem localizá-la em 2019. A segunda ficou na posse de Paul Gachet e foi doada ao governo francês pelos herdeiros do médico. Apesar de existirem dúvidas quanto à sua autenticidade, está exposta no Museu de Orsay, um dos mais visitados de Paris.
3. Les joueurs de cartes
Pintado em 1892 por Paul Cézanne, pintor impressionista francês, tem várias versões, uma delas com apenas dois jogadores. Uma está no Museu de Orsay em Paris e outra está no Instituto Courtauld em Londres. O Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque e a Barnes Foundation em Filadélfia exibem atualmente as duas que foram enviadas para o continente americano.
A quinta foi, durante anos, propriedade do armador grego George Embiricos mas foi, entretanto, vendida à família real do Qatar, um dos emirados mais ricos do Médio Oriente. Apesar de não serem conhecidos os contornos do negócio, o quadro foi transacionado por 191,5 milhões de euros, apesar de existirem avaliadores que estimam que valha atualmente 228,6 milhões.
4. Bal du moulin de la Galette
Pintado em 1876 pelo pintor impressionista francês Pierre-Auguste Renoir, retrata uma paisagem urbana em Montmartre, em Paris, numa tarde de domingo. Avaliada em 119,3 milhões de euros, é atualmente pertença do Museu de Orsay, um dos mais populares da capital francesa. No meio da multidão, é possível observar o escritor Georges Rivière e os pintores Norbert Gœneutte e Franc-Lamy, amigos do artista.
5. Portrait d'Adèle Bloch-Bauer
O pintor austríaco Gustav Klimt demorou três anos a pintá-lo. Deu-o como concluído em 1907. Há 15 anos, em 2006, numa venda privada, foi adquirido por 112,6 milhões de euros pelo magnata norte-americano Ronald Lauder. O museu vienense que o possuía devolveu-o à família da retratada, a mulher de um industrial endinheirado, que preferiu rentabilizá-lo. Atualmente, está exposto na Neue Galerie em Nova Iorque, os EUA.
6. No. 5, 1948
Pintado por Jackson Pollock, uma das figuras maiores do movimento expressionista abstrato nos EUA, foi, entre 2006 e 2011, o quadro de arte contemporânea mais caro do mundo. Foi vendido por 116,8 milhões de euros. Antes de ser adquirido por um investidor nunca revelado, pertenceu ao empresário Samuel Irving Newhouse e chegou a estar exposto no MoMA, o prestigiado museu de arte moderna de Nova Iorque, nos EUA.
7. Quand te maries-tu?
Concluído em 1892, é uma das muitas obras de arte que o pintor impressionista francês Paul Gauguin produziu enquanto viveu na Polinésia Francesa, para onde parte em 1891, arruinado. Vendido por sete francos franceses, pouco mais de um euro, após a morte do artista, foi adquirido em 2015 pelo emir do Qatar, que pagou quase 250,1 milhões de euros. Antes, estivera na posse de Rudolf Staechelin, industrial que fez fortuna com a I Guerra Mundial. Chegou a estar exposto no museu suíço Kunstmuseum Basel.
8. Interchange
Também conhecido como Interchanged, é um quadro do pintor holandês Willem de Kooning. Nascido em Roterdão, emigrou depois para os EUA. Pintado em 1955, é um dos exemplares do expresssionismo abstrato. O autor vendeu-o pouco depois de o concluir, por 3.338,2 euros ao arquiteto americano Edgar Kaufmann Jr. Em 1989, a Sotheby's vendeu-o ao negociante de arte japonês Shigeki Kameyama.
Para o conseguir, o proprietário de uma das mais reputadas galerias de Tóquio, no Japão, teve que desenbolsar 17,3 milhões de dólares. Até então, nenhum artista ainda vivo tinha conseguido atingir tal valor. O comprador que se tinha mostrado interessado acabaria, contudo, por desistir do negócio. O magnata americano David Gefffen adquiriu-o em 1990 por um valor bastante inferior e revendeu-o a Ken C. Griffin, um gestor de fundos, por 249,9 milhões de euros.
9. Nu couché
Pintado em 1917 por Amedeo Modigliani, é uma das obras mais célebres do pintor e escultor italiano que emigrou para Paris. Financiado pelo negociante de arte polaco Léopold Zborowski, é uma das obras eróticas produzidas pelo artista. Esteve exposto na primeira e única exposição que o pintor fez na Galerie Berthe Weill, em 1917, em Paris. Uma galeria que a polícia mandou fechar. Foi vendido por 141,7 milhões de euros a Lui Yiqian, um magnata residente em Xangai, na China.
10. Salvator mundi
É uma das muitas criações artísticas de Leonardo da Vinci. Pintado no século XVI, é uma das obras mais caras de sempre, ultrapassando os 375,9 milhões de euros. Este retrato de Jesus Cristo foi vendido em 2017 por Mohammed ben Salmane, o príncipe herdeiro da Arábia Saudita. Em 2019, o proprietário recusou-se a emprestá-lo ao Museu do Louvre para uma exposição retrospetiva do artista porque queria que fosse exposto ao lado do retrato de Mona Lisa. A direção do recinto museológico não anuiu e não houve acordo.
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