No meu carrinho de compras não cabia nem mais uma formiga. Atrás de mim e ao meu redor, filas imensas. A rapariga da caixa, bonita e compenetrada, foi faturando tudo, com o mesmo ritmo que eu estava a usar para colocar as coisas na passadeira. Ajudámo-nos mutuamente com uma eficiência inesperada. E no fim não deixei de lhe dizer:
- Fizemos uma excelente equipa!-
- Foi mesmo!- o sorriso rasgado e a boa energia permaneceram com ela quando me fui embora.
E eu levei comigo a sensação de uma fantástica descoberta: podemos fazer equipa com desconhecidos!
Na verdade fazemo-la sempre que, na estrada, deixamos passar alguém que não consegue entrar; fazemo-la quando uma mãe grita, aflita, para o filho regressar das ondas e nos colocamos ao seu lado, acompanhando-o a salvo até terra; fazemo-la sempre que o momento proporciona que nos associemos a alguém em prol de algum bem maior. Fazemos equipa com estranhos a todo o momento, se pensarmos bem nisso. Mas bem mais belo, emocionante e comovente que fazer equipa com desconhecidos, é fazer equipas excelentes. Chamo a isso humanidade.
Ana Amorim Dias
Comentários