Largar tudo e ir. São muitos os que têm esta ambição mas poucos os que a concretizam. Não foi o caso de Joana Nogueira e de Tiago Pinho. Sem olhar para trás, foram da Europa até ao Extremo Oriente por terra. Deixaram tudo para embarcar naquela que é, até agora, a grande aventura da sua existência. Há um ano, partiam. Nos últimos dias, regressaram a Lisboa. "Foram os melhores meses da minha vida", admite ele.
A precariedade dos tempos que correm levou-os, paradoxalmente, a querer arriscar. "Somos da geração que terminou a universidade em plena crise. A geração da falta de emprego, do pragmatismo e do empreendedorismo", justifica Tiago Pinho. Tomada a decisão, o casal viu-se obrigado a (re)definir prioridades. "Começámos a cortar nas despesas supérfluas para poupar", confidenciou ao Modern Life Joana Nogueira.
"Começámos a reduzir os sábados à noite e a sermos apresentados às manhãs de domingo. Só revelámos a nossa intenção a familiares e amigos quando conseguimos juntar o valor que definimos", sublinha ainda. "Em pouco tempo, tínhamos o plano traçado. A ideia era despedir-mo-nos e viajar durante um ano. Ir para Budapeste, reencontrar colegas da universidade e partir depois até à Índia", recorda Tiago Pinho.
"Se vamos até à Índia, por que não ir até ao Sudeste Asiático?", sugeriu ela. "E por que não irmos até Timor?", contrapôs ele. Tomada a decisão, acordaram também que a viagem, que pode acompanhar na galeria de imagens que se segue, seria sempre feita por terra. "Porque queríamos conhecer além do óbvio, além do típico roteiro turístico. Ver a grande cidade mas também a aldeia onde nem Judas perdeu as botas", ironiza.
Tanto na cabeça de um como de outro, as coisas estavam muito claras. "Não gostamos do conceito de chegar a uma cidade, ir às torres Eiffel desta vida, tirar uma selfie, postar no Instagram e pronto. A nossa ideia era conhecer as pessoas, a sua cultura, a sua língua, os seus sonhos e os seus desgostos. A tenda que levámos permitiu-nos poupar em alojamento mas também não termos problemas em dormir no meio do nada", diz.
Sem medos, fizeram-se ao caminho. "Fizemos mais de 90% de viagem à boleia. Andámos de Porsche mas também de trator. Tivemos a boleia de um ministro mas também a de uns ciganos fantásticos", recorda ele. Aventuras, tal como imaginavam, foram muitas. "Fomos convidados a dormir em casa das pessoas. Nos 30 dias que estivemos no Irão, pernoitámos 29 noites em casa de desconhecidos", revela ela.
"Ao longo destes meses, também dormimos em comboios, em templos budistas, em mesquitas, em lojas de telemóveis, em estações de comboio, no telhado de um posto da polícia no Paquistão e numa prisão. Nunca nos sentimos inseguros. Nunca tivemos qualquer problema", assegura ele. Surpresas também foram muitas. "O povo mais hospitaleiro e polido que conhecemos foram os iranianos", conta Joana Nogueira.
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