A iniciativa assume-se como um ato de resistência cultural e comunitária e combina literatura, música, gastronomia e tradição no cenário único da serra de Manhouce, aldeia que Isabel Silvestre, nome conceituado da música popular portuguesa, tornou conhecida como "o lugar onde até as pedras cantam".

"Resistir" como palavra de ordem

Para a segunda edição, o festival escolheu RESISTIR como tema central. "Ler é resistir. Escrever é resistir. Sempre assim foi e assim continuará a ser", afirma Marisa Araújo, dinamizadora do projeto, destacando o espírito interventivo e político que marca o evento.

Para receber visitantes, a aldeia prepara-se em festa. Varandas e janelas vestem-se a rigor com lençóis bordados de forma artesanal por mulheres da comunidade enquanto as vozes aquecem para os cantares, os trilhos do rio Teixeira preparam-se para passeios poéticos e, nas cozinhas, retomam-se gestos ancestrais como cozer pão no forno comunitário ou bater manteiga artesanal.

Conversas, poesia e música

O programa inclui conversas com várias personalidades ligadas ao tema da resistência, muitas delas com ligação à região, além da exibição de um documentário e uma leitura encenada.

Um dos momentos mais aguardados será o Duelo Poético, este ano protagonizado por Fernando Alvim e Nicolau Santos, num confronto de palavras que promete humor, irreverência e surpresa.

Não faltam também as caminhadas poéticas pelo rio, oficinas de pão e manteiga, e, para fechar o dia, um concerto intimista de Gisela João, que levará a sua voz inconfundível a Manhouce ao cair da tarde.

Espaço para todas as idades

O festival conta ainda com programação infantil em parceria com a Biblioteca Municipal de São Pedro do Sul, com contadores de histórias, oficinas de ilustração e marcadores de livros.

Outra das marcas da iniciativa é o "Livro Conduto": os convidados trazem livros para trocar, que são colocados numa mesa coletiva na antiga escola primária. Ao longo do festival, cada visitante pode levar os exemplares que mais lhe interessarem e, no final, os livros sobrantes são doados à Biblioteca de Manhouce.

Entrada livre

O festival "A Gente (Não) Lê" assume-se como um evento de partilha, memória e identidade, que celebra a literatura enquanto ato de resistência e reinvenção comunitária. A entrada é gratuita, estando apenas sujeita à lotação dos espaços.