À semelhança do que sucedeu em Lisboa com o Parque das Nações, também Lyon tem vindo a saber reconverter uma área menosprezada na confluência dos dois rios que a atravessam numa nova zona de lazer onde não faltam edifícios empresariais e habitacionais, espaços ajardinados, um centro comercial e até um hotel. Localizado no novo bairro trendy da segunda maior cidade de França, o Novotel Lyon Confluence Hotel é uma unidade hoteleira de quatro estrelas com 150 habitações.
Com uma decoração moderna e urbana, seduz pelos traços contemporâneos e pelos materiais com traços leves que exibe. O vidro é um elemento fundamental no estilo decorativo ecolhido para as partes comuns do empreendimento, permitindo observar o ininterrupto correr das águas do rio Saône e do rio Rhône. O seu movimento, rápido e turvo, contrasta com a tranquilidade do verde da colina.
Uma elevação rendilhada pelo branco de alguns edifícios que, do outro lado, se impõe naturalmente sobre a paisagem. É deste o cenário que quem frequenta o restaurante, o bar ou o terraço tem dificuldade em desviar o olhar porque, à medida que o dia vai avançando, as cores vão adquirindo novas tonalidades. Com o cair da noite, as luzes das casas da elevação iluminam-se, conferindo outra magia ao local.
Apesar de não ser o mais central dos hotéis da cidade, o Novotel Lyon Confluence Hotel, localizado numa zona menos movimentada, acaba por revelar-se a escolha perfeita para quem pretende passar lá uns dias, permitindo fugir ao stresse do dia a dia sem a confusão turística do centro histórico da urbe. A pé, os principais monumentos estão a uma distância de cerca de meia hora, um percurso que o elétrico que serve aquela zona faz em cerca de 10 minutos.
Resort urbano moderno e futurista
Recentemente renovadas, as habitações do Novotel Lyon Confluence Hotel, que pode ver nesta galeria de imagens, também apresentam um estilo decorativo modelar e contemporâneo. Além de uma televisão com ecrã LCD e de Wi-Fi grátis, todas incluem um mini-bar e um jarro elétrico com saquetas para chá e café. Os quartos executivos estão equipados com uma máquina de café da Nespresso e a suite, além dessa, ainda está dotada de um dock para iPad.
Mas o seu grande trunfo é, contudo, a desafogada vista para o rio Saône e para a paisagem que circunda o hotel, o centro comercial local, o novo Musée des Confluences e o recinto que acolhe a Bienal de Lyon. Um espaço que tem vindo a acolher alguns dos exemplares da arquitetura moderna com laivos futuristas que começam a marcar o estilo estético de muitas cidades europeias. Um verdadeiro resort urbano com espaços verdes e com áreas que apelam à fruição.
Embora esta área da cidade mereça uma visita atenta, as principais atrações turísticas estão, todavia, concentradas junto ao centro histórico e às áreas mais comerciais. A partir do hotel, se não quiser apanhar o elétrico ou um táxi, pode apanhar o táxi aquático que faz a ligação de barco até essa zona. Depois, é caminhar pelas ruas, aproveitando para visitar as igrejas, as lojas, as galerias, os monumentos e os mercados que vai encontrando em cada uma das margens dos rios.
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As 29 pontes que pode atravessar e as portas que escondem mistérios
No centro da cidade, existem 29 pontes. 16 sobre o rio Saône e 13 sobre o rio Rhône. Sozinho ou acompanhado, à aventura ou em visita guiada, a pé ou de bicicleta, de barco ou de autocarro turístico, de tuc tuc ou até de segway, são inúmeras as possibilidades de as descobrir e de conhecer um destino que, por não ter o mediatismo de Paris, ainda passa ao lado de muitos portugueses, apesar de companhias de aviação low cost como a easyJet e a Transavia voarem para lá.
Com mais de 2.000 anos de história, a parte antiga da cidade foi decretada Património Mundial da Humanidade pela UNESCO. Ao todo, são 427 hectares de terreno classificado, cerca de 10% da área urbana. Philibert de l'Orme, Tony Garnier e Santiago Calatrava, responsável pelo projeto da Gare do Oriente em Lisboa e pela Gare de Saint-Exupéry em Lyon, são alguns dos arquitetos de renome que assinam alguns dos mais emblemáticos edifícios da cidade, como é o caso da Opéra de Lyon.
O Théâtre des Célestins, o Hôtel de Ville e a Fonte de Bartholdi também integram essa lista. Se tiver pouco tempo para visitar a cidade, esses são alguns dos pontos de passagem obrigatórios, tal como a Catedral de São João Baptista e a Basilique de Fourvière, onde pode admirar uma imponente imagem de Nossa Senhora de Fátima. Em tempos, o Vieux-Lyon, a parte mais antiga, chegou a ter 13 igrejas.
Hoje, restam apenas três. Uma delas, a Basílica-Abadia de Saint Martin d’Ainay, a única igreja romana da cidade, datada do fim do século XI, é outro dos monumentos que integram a lista das atrações imperdíveis. O Bairro de La Croix Rousse, localizado na zona classificada pela UNESCO, na «colina que trabalha», como a apelidam os locais, também pede para ser percorrido a pé, tranquilamente.
Os labirintos misteriosos que atraem visitantes
Para facilitar a vida aos produtores de seda que, a dada altura, se instalaram numa das duas colinas da cidade, foram criadas ligações que permitiam aos trabalhadores dessa indústria transportar os rolos de tecido para a zona mais baixa, as famosas traboules. Percursos que se fazem por pátios interiores que, através de escadas, unem uns prédios aos outros, fazendo autênticos labirintos que, para desespero dos moradores atuais desses prédios, os turistas insistem em percorrer.
Para manter a tradição, iniciada ainda no tempo dos romanos que fundaram a cidade, os agentes municipais locais estabeleceram acordos com os proprietários que não quiseram vedar esse acesso e, durante o dia, são muitas as portas, muitas delas muito discretas, que se abrem aos visitantes mais curiosos. Atualmente, ainda sobrevivem 230 traboules, mas poucas podem ser visitadas.
A que liga o número 27 da rue St-Jean com o número 6 da rue des Trois Maries e a que une o número 54 da rue St-Jean com o número 27 da rue du Bœuf são duas das mais emblemáticas. Se gosta de fugir às atrações turísticas mais tradicionais, Lyon é a cidade perfeita para o surpreender. Na place Antonin Poncet, uma árvore com 85 flores de vidro, um trabalho do artista plástico coreano Jeong Hwa Choi, apresentado na bienal de arte contemportânea da cidade em 2003, surpreende pelas cores.
Pelas cores e pelo trabalhado. Uma obra polémica que corre o risco de ser transferida para outro local para não prejudicar a harmonia visual do cais, como criticam alguns. O Parking des Célestins, o parque de estacionamento que em 1996 ganhou um prémio da European Parking Associaton, é outro dos monumentos improváveis. Visto numa perspetiva de cima, faz lembrar o poço iniciático da Quinta da Regaleira, em Sintra.
O lago subterrâneo da antiga Fábrica da Águas, os edifícios em forma de estrela do bairro La Cité des Étoiles e a Maison du Temps, um edifício conhecido por ter 365 janelas, uma por cada dia do ano, não figuram na maioria dos guias turísticos mas merecem ser integrados no seu roteiro. Uma forma interessante de (re)descobrir a cidade é através do Food Trip, uma espécie de passaporte que custa 35 € e permite fazer seis degustações em lojas e restaurantes aderentes.
Texto: Luis Batista Gonçalves
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