Desde a última vez que conversou com a Prevenir, no início de 2016, Fátima Lopes lançou a plataforma digital Simply Flow, dedicada à saúde e bem-estar. "Traduzido à letra, significa simplesmente a fluir e é assim que devemos viver a vida. Devemos respeitá-la sempre, mas nunca a levar demasiado a sério, porque senão começamos a querer programar e prever tudo e a vida deixa de fluir", alerta.
"Deixa de ter a possibilidade de nos surpreender, quando é precisamente aí que está a sua maior beleza", contou-nos a apresentadora de televisão, que em 2017 se divorciou do enfermeiro Luís Morais após 12 anos de casamento e adotou um cão, o Brownie, numa entrevista inspiradora sobre o que a move e a mantém saudável e em forma e a faz feliz, todos os dias do ano.
O que a motivou a lançar o Simply Flow, uma plataforma dedicada à saúde e bem-estar?
Sendo eu uma apaixonada pelos temas da saúde e bem-estar, achei que seria uma excelente oportunidade de partilhar com o público tudo o que faço para me manter em equilíbrio. À medida que os anos vão passando, vamos aprendendo cada vez mais e conhecendo profissionais de excelência que nos ajudam a ganhar consciência da responsabilidade que temos no alcance e manutenção da nossa saúde.
É preciso despertar as pessoas para essa responsabilidade e fazê-las perceber que estão sempre a tempo de mudar os seus hábitos e de iniciar novas práticas. Espero que o meu exemplo as ajude.
O conceito de saúde conquistou uma abrangência transversal a várias áreas da nossa vida. O que significa, hoje, para si ser saudável?
Significa ter saúde física, com valores normais nas análises clássicas de rotina, com peso certo, dentro dos parâmetros para a nossa estatura, com capacidade física para uma prática desportiva, seja ela qual for. Significa também ter equilíbrio emocional e psicológico, com capacidade de automotivação e de delinear objetivos. É isto tudo! Não é só estar elegante e ter as análises normais quando se visita o médico de família.
É apresentadora de televisão, dá palestras, tem contactado com milhares de pessoas. O que nota que os portugueses deviam corrigir na relação que têm com a sua saúde física e mental?
Deviam corrigir a atitude e a mentalidade. Já todos sabemos que o fado é Património Imaterial da Humanidade e que nos consegue tocar profundamente. Mas ficamos por aqui. Aquela coisa de quase sermos um povo condenado, com uma triste sina de ver sempre as coisas acabarem mal, tem de desaparecer. E sinto que isto está efetivamente a mudar… O pessimismo crónico só nos desgasta. Manda-nos para baixo e tira-nos a energia e a capacidade de sonhar e de acreditar.
Eu sou uma otimista incorrigível e acredito sempre que vou encontrar as melhores soluções. E, mesmo quando me surge uma adversidade de peso, parto do princípio que vou ultrapassá-la e aprender alguma coisa com ela. Esta atitude faz a diferença, na saúde mental e, logo, na saúde física.
Era também importante que, de uma vez por todas, apostássemos na prevenção. Se não fazemos uma alimentação equilibrada e saudável, se não praticamos exercício físico, se não dormimos bem e se não alimentamos o espírito, com pensamentos e emoções positivas, como queremos o milagre de estar bem? É impossível!
A plataforma conta com o apoio de diversos especialistas. O que tem sido mais motivante no trabalho de equipa desenvolvido com eles?
Perceber que todas as áreas se complementam e são necessárias. Todos os especialistas da plataforma conhecem o trabalho de cada um e já fizeram vários cruzamentos de saber, o que torna o projeto ainda mais aliciante. Quanto à minha aprendizagem com cada um deles, eu diria que ela acontece de publicação para publicação.
Como os textos são escritos por especialistas nas várias áreas, não sendo eu especialista mas, sim, uma mulher ávida de conhecer e aprender cada vez mais, tenho o privilégio de os ter por perto para aprender e cuidar de mim. Porque são estes os especialistas que me acompanham no dia a dia para cuidar da minha saúde e do meu bem-estar.
Em que medida tem este projeto contribuído para o seu autodesenvolvimento?
Tem sido fantástico, porque a Ana Ramires, responsável pela psicologia da performance, abre-nos os horizontes e a visão sobre estes temas. Dá-nos tarefas, ensina-nos ferramentas para fazermos diferente e melhor. É um privilégio contar com uma profissional desta envergadura na plataforma.
Outra área que também me é muito cara é a do desenvolvimento espiritual, onde conto com a colaboração da Rute Caldeira, uma mulher capaz de simplificar aquilo que, para alguns, é um bicho de sete cabeças, como a força do pensamento, a importância da linguagem, entre outros temas.
É seguida por milhares de pessoas nas redes sociais. Como é a sua relação com o mundo digital?
A minha relação com as novas tecnologias é a normal de quem vê nelas uma forma de nos ajudar no dia a dia. Não sou viciada em redes sociais e passo muito pouco tempo agarrada aos telefones e ao tablet e afins. Não faço nenhum esforço para manter o equilíbrio no uso das redes sociais porque, efectivamente, não sinto necessidade de estar nelas mais do que o estritamente necessário, para ver o que me interessa.
No meu tempo livre, gosto ver coisas reais, ver pessoas reais e viver coisas reais. E isso só é possível quando se levanta a cabeça do ecrã e se olha em volta…
Escreveu no Simply Flow que é uma adepta do slow living, gosta de, como afirmou, "viver a vida no aqui e agora e não simplesmente passar por ela". No dia a dia, como põe esta filosofia de vida em prática?
Treino a mente para que ela seja capaz de se deter no que estou a vivenciar agora e não se perder naquilo que aconteceu no passado ou pode vir a acontecer no futuro. Se vou à praia e estou a ver o mar, então tenho mesmo de ver o mar. Se deixo a minha mente comandar, ela provavelmente vai boicotar-me o momento, ocupando-o com uma qualquer preocupação de algo que, provavelmente, nem irá acontecer.
Nesse momento, é preciso policiar a mente e lembra-lhe que fui até ali simplesmente para me deliciar a ver o mar. Só assim conseguirei ver a sua beleza, deixando-me levar pelos seus movimentos e ter em mim o efeito de uma meditação.
Enquanto me permito simplesmente olhar o mar e apreciar as movimentações no areal, estou a viver a vida no aqui e agora. Pouco importa se a seguir tenho um grande desafio para superar. É a seguir! Não é agora…
Como encontra o equilíbrio entre o prazer de comer, a saúde do organismo e a gestão do peso?
Eu adoro comer, que fique bem claro. Não sou uma pessoa que alinhe no eu nunca. O que faço é seguir todos os ensinamentos que a minha nutricionista, a doutora Inês Fernandes, que faz parte da plataforma, me passou. Desenhou-me um plano alimentar que respeita as minhas necessidades energéticas, conforme os dias que tenho.
Uma coisa é a alimentação num dia em que faço ioga ou outra atividade desportiva, outra coisa é num dia em que não faço desporto. Assim como uma coisa é o que como quando trabalho as horas normais de um programa televisivo e outra coisa é quando a esse se juntam mais não sei quantos projetos que me ocupam mais tempo e com níveis de stresse mais elevados.
A alimentação pode e deve ajudar-nos nos vários contextos. É preciso é estar informado e ser disciplinado, para bem da nossa saúde física e mental. Quando assim é, o peso mantém-se estável, sem grandes oscilações. Isto permite-me prevaricar de vez em quando, comendo e bebendo o que me apetece.
Contou-nos na nossa última entrevista que tinha sessões de coaching com uma psicóloga. Que tipo de trabalho fazem hoje em conjunto?
Continuo a ter as minhas sessões de coaching com a psicóloga Ana Ramires sempre que sinto necessidade. O trabalho que fazemos visa ganhar mais competências para novos desafios e ser capaz de reagir mais rapidamente e em equilíbrio, aos desafios que a vida me coloca. Os benefícios do coaching, quando dado por profissionais de excelência, são imensos.
Porque qualquer pessoa pode aprender ferramentas para resolver os desafios diários e superar-se de forma contínua. Na verdade, aconselho o coaching a todos os que o puderem experimentar, até porque ajuda muito a elevar a autoestima, a confiança e a segurança em nós próprios e a tornarmo-nos mais resilientes.
Revela no seu site ter uma "vontade inabalável de ultrapassar obstáculos". O que aconselha a quem sente o oposto, a quem se sente paralisado perante obstáculos? Qual o primeiro passo a dar?
Perguntar-se o que ganha com isso. Parar e deixar a vida passar ao nosso lado, não procurar viver o bem maior que Deus nos deu, que é a vida, é um desperdício. Depois de perceber que nada ganha com essa atitude, faça diferente. Ponha a sua mente a trabalhar para si e não contra si e vai ver que se surpreende com as coisas bonitas que vai viver.
Qual o próximo obstáculo que pretende ultrapassar, o próximo desafio que deseja concretizar?
Tenho muitos projetos para concretizar. Os que estão nos segredos dos deuses não posso partilhar. Mas há um que já posso adiantar. Vou começar a dar mais palestras motivacionais para o público, que é uma coisa que me têm pedido muito. Até agora tenho-as feito, essencialmente, para empresas mas vou alargá-las, cada vez mais, a outros públicos.
Texto: Nazaré Tocha com Carlos Ramos (fotografia)
Comentários