A partir dos 18 meses, brincar na areia é uma das melhores formas das crianças descobrirem o que as rodeia. É por volta dessa altura que começam a fazer experiências sensoriais mais interativas que contribuem para o seu desnvolvimento cognitivo. Muitas, para além de lhe tocarem e de esfregarem as mãos na areia, sentindo-a deslizar por entre os dedos, também gostam de a provar. Entre os 12 meses e os três anos, segundo estimativas internacionais, cerca de um quinto das crianças ingere areia.
É a curiosidade inata do ser humano que as leva a isso. Apesar da quantidade levada à boca ser, por norma, mínima, não ultrapassando, em média, meia colher de chá, convém estar atento. Nessa situação, o melhor é obrigar a criança a cuspir e, de seguida, lavar-lhe a boca com água corrente, explicando-lhe que, ao contrário dos alimentos, a areia, tal como sucede com a maioria dos objetos, não é para levar à boca. Tem, logo aqui, uma oportunidade de aprendizagem que vai, futuramente, proteger a criança.
São vários os benefícios de levar os mais pequenos a (re)descobrir o areal. Ao brincar na areia e ao sentir uma nova textura granulosa, que lhe escorre por entre os dedos, a criança estimula o toque e, de certa forma, a visão, ao procurar seguir os movimentos dos pequenos grãos. Para além do desenvolvimento sensorial que proporciona, esta atividade lúdica também desenvolve a motricidade dos mais pequenos. Como passam, a maioria das vezes, horas agachados no areal, têm de desenvolver estratégias para manter o equilíbrio ao mesmo tempo que vão enchendo e despejando baldes, construindo castelos e/ou desenhando na areia.
A imaginação é o limite e, no caso de sentirem que estão a cair, ao levarem as mãos ao chão, percebem que essa é a melhor forma de se defenderem. No plano intelectual, todas essas brincadeiras são positivas para o desenvolvimento cognitivo da criança. A capacidade de raciocínio é estimulada e a inventiva também, uma vez que tem de encontrar formas de ocupar o tempo entre as idas ao banho. A possibilidade de enterrar e de desenterrar os brinquedos que leva também lhe permite ter noção diferente.
Alguns especialistas chamam-lhe o conceito de permanência dos objetos, que também é desenvolvido durante estas brincadeiras. Muitas crianças brincam sozinhas na areia, sob a supervisão dos pais, que preferem, em grande parte dos casos, observar à distância. Nessa situação, são os mais pequenos que comandam os seus próprios jogos, assumindo o comando. As iniciativas que tomam contribuem para o desenvolvimento da sua autonomia, melhorando, em última análise, a autoestima dos mais novos.
As competências sociais que se desenvolvem na praia
Quando a criança não está sozinha no areal, vê-se confrontada com a necessidade de ter de partilhar espaço, brinquedos e brincadeiras. Ao fazê-lo, para além de aprenderem inconscientemente a negociar, para não afastarem os companheiros de diversão, também desenvolvem competências sociais, que acabam por ter depois reflexos nos comportamentos quotidianos. As vantagens são muitas e não faltam especialistas que aconselham os pais a ter um caixote de areia em casa para ocupar os filhos.
Para além de os afastar da televisão, dos tablets e dos telemóveis, é também uma forma de estimular a sua habilidade manual. Nesse caso, o melhor é escolher um local com sombra para o instalar. Antes e depois das brincadeiras, cubra-o com uma tampa que permita a circulação do ar, para não criar humidade na areia e evitar, assim, a criação de condições que favoreçam o desenvolvimento de bactérias e de larvas de insetos. Remexa a areia diariamente, com as mãos, com gestos suaves, para a arejar.
Desinfete-a de 15 em 15 dias. Para o fazer convenientemente, utilize uma porção de lixívia por cada nove de água, num vaporizador. Vaporize a caixa, aguarde 10 minutos, lave a areia com água corrente e aguarde 24 horas antes da criança poder brincar novamente. Deve mudá-la uma vez por ano. Desinfete todas as semanas os brinquedos com que o(s) seu(s) filho(s) brinca(m) na areia e faça-os interiorizar a ideia de que devem lavar sempre as mãos, com água e sabão, no fim das brincadeiras.
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