A propensão para a monogamia é genética. A garantia é dada por um novo estudo científico, levado a cabo por um grupo de investigadores da Universidade do Texas, em Austin, nos Estados Unidos da América. Liderado por Rebecca Young, especialista em biologia integrativa, o coletivo afirma ter identificado os genes que impedem os indivíduos de trair os parceiros, avança a publicação científica PNAS na sua última edição.

Depois de estudar 10 pares de espécies muito parecidas, cinco delas polígamas e cinco delas monógamas, como é o caso dos camundongos-californianos, dos ratos-da-pradaria, de uma ave alpina, de um sapo venenoso e de um peixe, o xenotilapia, que vive no lago Tanganica, em África central, os investigadores descobriram variações genéticas comuns que podem estar na origem dos relacionamentos mais estáveis desses animais.

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Ao todo, os cientistas identificaram 24 genes que podem contribuir para o comportamento monógamo dos indivíduos. Apesar de ainda não terem conseguido perceber o mecanismo que o origina, Rebecca Young está confiante na descoberta. "Sabemos que alguns destes 24 genes estão relacionados com a aprendizagem e com a memória, pelo que é possível [que permitam] estabelecer um vínculo de casal", afirma a investigadora. "Um indivíduo tem de ser capaz de reconhecer o seu parceiro e considerar gratificante estar com ele para criar esse vínculo", refere ainda.

Larry Young, investigador da Universidade Emory, em Atlanta, na Geórgia, elogia o trabalho, apesar de considerar que ainda está muito por descobrir. "O estudo não nos diz como é que esses genes agem no cérebro de modo a potenciar a monogamia e isso é algo que temos de continuar a investigar", defende o cientista. Rebecca Young concorda. "Ainda não transpusemos este estudo para o comportamento humano", admite.