Segundo a editora Caminho, este mês sai “Uma aventura nas Arábias” e, em outubro, é publicado “Uma aventura na Quinta dos Enigmas”, ambos com ilustrações de Arlindo Fagundes, protagonizados pelos amigos Teresa e Luísa – as gémeas -, Pedro, João, Chico e os cães Caracol e Faial.
À agência Lusa, Ana Maria Magalhães explicou que “Uma aventura nas Arábias” surgiu em resposta a um pedido de um leitor, que foi de propósito com os pais à Feira do Livro de Lisboa para conhecer as duas autoras e para fazer o pedido.
“Temos ‘Uma aventura voadora’ em que entra um príncipe árabe que vem a Portugal. Ele [o leitor] foi à feira do livro sugerir que fizéssemos um livro em que o príncipe convida as personagens para ir ao palácio dele. Estávamos disponíveis, não tínhamos nenhum compromisso, achámos a ideia engraçada e resolvemos fazer-lhe a vontade”, contou a escritora.
Não é a primeira vez que as autoras cedem a pedidos e a muitas sugestões dos leitores, ao longo destes quarenta anos e mais de 60 livros, desde que lançaram “Uma aventura na cidade”, em 1982.
Sem hesitar, Ana Maria Magalhães recorda que “Uma aventura na Serra da Estrela”, o 32.º volume, surgiu de “um pedido insistente de dois rapazes que viviam na serra” e que “Uma aventura no deserto”, o 21º livro, foi uma resposta a uma carta vinda de São Tomé e Príncipe.
“Foi […] uma criança chamada Solange, de São Tomé e Príncipe, que nunca tinha vindo a Portugal e que mandou uma carta a pedir uma aventura expressamente no deserto, e fazia questão que entrassem camelos. […)] Um dia quando o livro saiu, tocaram à porta e era um senhor, que era o pai dela, que trouxe um saquinho de café para agradecer”, lembrou.
Ana Maria Magalhães, 76 anos, e Isabel Alçada, 71 anos, eram professoras numa escola em Lisboa quando se conheceram em 1976. Começaram a escrever histórias para cativar os alunos para a leitura, até decidirem editar, em 1982, “Uma aventura na Cidade”, com personagens inspiradas em alguns dos estudantes.
Juntas são uma das conhecidas duplas da literatura portuguesa para crianças e jovens, e embora tenham editado outras histórias, a mais conhecida obra literária é a série “Uma aventura”.
Segundo a editora Caminho, os 63 volumes desta série já tiveram mais de 800 reedições e todos os livros venderam cerca de nove milhões de exemplares.
Mais do que estatísticas, Ana Maria Magalhães fala de “laços de afeto” que se mantêm ao longo de décadas, desde as irmãs que inspiraram as gémeas dos livros, e que regularmente as encontram na feira do livro, até aos leitores que continuam a mandar cartas e aos alunos com quem têm sessões de apresentação em escolas.
Durante a pandemia, esses encontros com alunos aconteceram sobretudo à distância, por ‘zoom’, o que permitiu conhecer um bocadinho da casa de cada leitor, conta a autora.
“Conhecemos pais, avós, irmãozinhos pequeninos, o cão e o gato, foi uma experiência inesperada e engraçada. (…) Também permite que às nove da manhã estejamos em Arcos de Valdevez e, às dez e meia, em Faro”, disse.
Os encontros virtuais, pela janela do computador, também facilitaram o trabalho de escrita das duas autoras.
“Conversamos, boa parte do livro foi escrito via ‘zoom’. É muito mais agradável ao vivo, não é? A pessoa interromper, ir tomar um cafezinho, trocar impressões. Mas não pode ser, temos de nos adaptar”, lamentou.
Enquanto sai “Uma aventura nas Arábias”, as duas autoras fecham a edição de “Uma aventura na Quinta dos Enigmas”, a editar em outubro, e que levará os cinco amigos a Sintra, para a Quinta da Regaleira.
Comentários