Este projeto - Iniciativa Mobilizadora da Paternidade Envolvida e Cuidadora (IMPEC) - “é um incentivo” dirigido fundamentalmente aos serviços de saúde e aos profissionais de saúde para “desenvolverem um novo olhar” sobre a prestação de cuidados e apoio aos homens, enquanto sujeitos de atenção no domínio da saúde sexual e reprodutiva e no domínio da parentalidade, concretamente da paternidade”, disse à agência Lusa o coordenador do Núcleo sobre Género e Equidade em Saúde da DGS, Vasco Prazeres.
Por questões de género e cultura, as questões da saúde reprodutiva, as tarefas do cuidar e educar os filhos estiveram sempre mais focadas nas mulheres.
O que pretende com este projeto é “haver um conjunto de orientações no sentido de os serviços se focarem nos homens, não enquanto acompanhantes das mulheres na saúde reprodutiva, mas sim enquanto sujeitos em cuidados de saúde reprodutiva”, disse Vasco Prazeres.
O objetivo é dar resposta às suas próprias necessidades em termos de saúde sexual e reprodutiva e também enquanto “sujeitos de atenção no que diz respeito ao apoio à paternidade, adiantou.
“Quando falamos em planos em parentalidade, falamos de maternidade e paternidade, e até aqui de facto tem havido um deficit grande de atenção ao apoio à paternidade envolvida e cuidadora”, realçou.
Vasco Prazeres ressalvou que “isto não é feminilizar aquilo que os homens podem e devem representar nos serviços, mas ir ao encontro das suas expectativas e das suas necessidades de cuidar e de apoio”, que “não são exatamente as mesmas” das mulheres, apesar de algumas serem coincidentes.
Para atingir este objetivo, a DGS publicou hoje um conjunto de documentos para “um novo olhar sobre os homens” nos serviços de saúde, o que implica organizar essa reformulação, porque se sabe que, “quando culturalmente algo está instituído há anos e anos, as mudanças não são imediatas, nem são por decreto régio nem por uma postura municipal”.
Trata-se de um conjunto de áreas que têm que gradualmente ser abordadas, alguns procedimentos têm de ser instituídos, ensaiados, avaliados e depois tirar-se conclusões no sentido de “qual é a melhor forma de se levar isso avante”, adiantou.
Segundo a DGS, este projeto elenca diversas áreas de atividade que a nível dos cuidados primários e serviços hospitalares representam oportunidades de eleição para o apoio e promoção da parentalidade envolvida e cuidadora.
As unidades de saúde podem ser consideradas Entidades de Saúde IMPEC ao cumprir um conjunto de requisitos, como a divulgação de mensagens ajustadas, a adequação da logística existente ou a preparação dos profissionais de saúde.
Em 2020, foi iniciado um projeto-piloto desta iniciativa, que envolveu o Agrupamento de Centros de Saúde de Lisboa Ocidental e Oeiras, mas que teve de ser suspenso em março de 2020 devido à pandemia, disse Vasco Prazeres.
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