Na Escola Martim de Freitas, junto ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, houve alunos a festejar assim que foi comunicado, por volta das 08:15, que o estabelecimento estaria encerrado devido à greve nacional dos trabalhadores da administração pública, a primeira da atual legislatura.
Se para os alunos pôde ser motivo de celebração, para os pais a greve pode transformar-se numa "dor de cabeça", aponta Célia Cabral, com um filho na escola que teria hoje um teste.
Sendo representante dos pais da turma, o telemóvel ainda não parou de tocar, com chamadas de outros encarregados de educação para tentarem perceber se a escola estava fechada ou não.
"Eu até vivo e trabalho aqui ao lado, mas há várias pessoas que vêm de fora de Coimbra, têm horários para cumprir, trazem as crianças e o que vão fazer com elas? Têm que voltar para trás", refere Célia Cabral, salientando que para muitos desses pais a greve "é um constrangimento muito grande".
Patrícia Oliveira, com uma filha no 6.º ano naquela escola, já contava com esta possibilidade para hoje, para a qual a escola avisou na véspera.
"Por acaso, tenho folga hoje. Se não, ia causar um grande transtorno", notou.
Na Escola Secundária José Falcão, tal como na Martim de Freitas, um papel informa na porta de entrada que a escola está encerrada devido à greve de funcionários não docentes.
Na escadaria de entrada, dois jovens do 12.º ano entretêm-se ao telemóvel e contam à agência Lusa que, apesar de ser "uma espécie de feriado", também para eles cria alguns constrangimentos.
"Eu demoro uma hora a chegar a casa e não sei como vou fazer agora", contou um.
Para além destes dois estabelecimentos, a agência Lusa também constatou no local o encerramento da Escola de 2.º e 3.º ciclo Eugénio de Castro.
Já a Escola Alice Gouveia e a Jaime Cortesão estão abertas, mas sem atividade letiva, sendo que as secundárias Avelar Brotero e Dona Maria estão a funcionar.
Esta é a primeira greve nacional da função pública desde que o atual Governo liderado por António Costa tomou posse, em outubro, e acontece a menos de uma semana da votação final global da proposta de Orçamento do Estado para 2020 (OE2020), marcada para 06 de fevereiro.
O Governo apresentou uma proposta de aumentos salariais de 0,3% para a função pública e chegou a dar a negociação por encerrada, mas a responsável pela pasta, a ministra Alexandra Leitão, voltou entretanto a convocar as organizações sindicais para reabrir o processo negocial, uma reunião que está marcada para 10 de fevereiro, após a votação do OE2020.
A decisão não foi suficiente para travar a paralisação.
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