A concentração, organizada pelo Sindicato de Todos os Professores (STOP) sob o lema “Quem luta nem sempre ganha, mas quem não luta perde sempre”, ficou marcada por desabafos e queixas de professores, na sua maioria com contratos temporários.
Os concursos de professores – desde educadores de infância até docentes do secundário – começaram em 11 de março e encerram em 19 de março.
A indignação dos professores visa uma alteração introduzida este ano no concurso externo, a qual pode deixar sem colocação e sem contrato os docentes que pretendem entrar para os quadros, mas que já concluíram três contratos completos e sucessivos.
“O governo vai punir com um ano de desemprego professores totalmente capacitados quando faltam docentes nas escolas. É inadmissível e mudaram as regras a meio do jogo”, afirmou à Lusa o presidente do STOP, André Pestana.
O sindicato vai avançar hoje com uma providência cautelar, na esperança de que prevaleça o “interesse público”.
Segundo a secretária de Estado da Educação, Inês Ramires, até agora, quando não ficavam colocados em nenhuma das suas preferências, os docentes tinham sempre a garantia de que a administração os colocava onde tinham gerado a vaga, mas que isso mudou este ano por decisão judicial que impede a colocação de um professor onde ele não manifesta preferência.
Segundo André Pestana, estas alterações “não prejudicam só os professores, mas também os alunos porque profissionais deslocados a centenas de quilómetros de casa e longe das famílias são mais propensos a desmotivar, a deprimir e a pedir baixa, diminuindo a qualidade do ensino”.
O representante do sindicato reuniu esta manhã com o grupo parlamentar do PSD e frisou que os deputados “também consideraram que estes concursos poderão ter graves problemas de legalidade e justiça, dizendo que vão avançar com um Projeto de Resolução para recomendar alterações à mobilidade interna e averiguar a fundamentação jurídica para a norma travão”.
A concentração contou com a presença de Joana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, que comunicou aos manifestantes que o seu grupo parlamentar também vai dar entrada com um Projeto de Resolução com o intuito de “pedir ao governo para abrir negociação a fim de elaborar um novo regime de concursos e para voltar atrás nestas alterações”.
Hugo Pote, professor que já ensinou por todo o país e que conta com dez anos e meio de serviço, disse que estes concursos são “uma trapalhada” que não espelha as necessidades reais das escolas.
“Só continuo [a ensinar] por gosto. Por dinheiro e estabilidade não é certamente”, afirmou depois de contar que uma loja lhe rejeitou um crédito para comprar uma máquina fotográfica a rondar os 200 euros por não ter contrato de efetivo.
Este é o terceiro protesto organizado pelo STOP esta semana, depois de o primeiro ter ocorrido na terça-feira no Porto e o segundo em Coimbra, inseridos numa semana de greve que começou na segunda feira e acabará na sexta-feira.
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