Distribuídos pelas Escola Básica do Ave e Escola Secundária Afonso Henriques, cerca de 100 alunos envolvidos no projeto o “Comboio de bicicletas” cumpriram hoje os trajetos de cerca de dois quilómetros, a partir de um ponto central da freguesia, com o apoio da Polícia Municipal.
Criado em 2018 e na estrada em 2019 com alunos da Escola Básica e Secundária D. Dinis, em Santo Tirso, o projeto ressurge agora na Vila das Aves, sempre à quarta-feira, com saída e chegada à Praça das Fontainhas.
Todos de capacete e com a carrinha de um pai a fazer o transporte das mochilas, a iniciativa contou também com alguns encarregados de educação que quiseram aliar-se aos alunos na estreia da iniciativa.
À Lusa, o presidente da câmara, Alberto Costa, fez uma síntese do projeto iniciado em 2018, quando junto das escolas percebeu que “cerca de metade dessa população não sabia andar de bicicleta”, avançando-se então com um “investimento para as ensinar”.
“Este ano quisemos descentralizar e há cerca de 100 miúdos associados, com o apoio das associações de pais e dos professores. Tivemos um grande apoio dos professores de educação física que nos têm ajudado a promover esta forma de praticar desporto”, disse o autarca, revelando que a meta no final do ano letivo 2021/2022 é “chegar a 2.000 alunos” de todas as freguesias.
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Contabilizando “60 mil euros investidos”, Alberto Costa alerta que o projeto “tem de ser visto como um todo, preparando e melhorando as infraestruturas” a fim de que a rede viária “permita o uso deste modelo de mobilidade suave”.
Ao mesmo tempo, argumentou, com a “promoção das bicicletas, colocando-as ao dispor da população”, pretende-se conseguir que “os pais dos alunos, as próprias famílias comecem, cada vez mais, a andar de bicicleta”.
“Pretendemos passar em todas as escolas (…) a ideia é chegar a todos os alunos das escolas de Santo Tirso (…) para que se comece a usar a bicicleta como meio de mobilidade diária”, definiu Alberto Costa.
Na Praça das Fontaínhas, no final do percurso onde estava uma carrinha para recolher as bicicletas e capacetes cedidos pelo município a quem não tinha, Ana Casteleiro, aluna do 11.º ano, foi direta na resposta à Lusa: “acho que falo por todos os jovens quando digo que é uma iniciativa muito boa por parte da câmara municipal e também do agrupamento [de escolas]”.
“Todos os jovens estiveram em quarentena, fechados em casa o dia todo e, cada vez mais, queremos aproveitar a natureza, estar um bocado fora de casa. É uma ótima iniciativa passarmos a ir para a escola de bicicleta, pois promove hábitos saudáveis (…) a nível ambiental, por causa da sustentabilidade”, acrescentou.
E sobre as conversas da manhã, na escola, revelou: “do que ouvi, muitos querem repetir e isso incentiva os outros que nos viram a juntarem-se a nós e a criar uma onda cada vez maior”.
Aluno da turma B do 6.º ano da Escola Básica do Ave, Rodrigo Machado, quando abordado pela Lusa, hesitava entre manter ou retirar da cara a máscara com o emblema do Sporting que a mãe insistia ficasse pendurada na orelha.
“É uma boa opção para irmos para a escola, sem poluir o planeta”, rematou, mostrando, contudo, insegurança quando respondeu se passaria a deslocar-se para escola de bicicleta: “isso já não sei. Eles [pais] são muito protetores”.
Ao lado, da mesma turma, Rúben Meireles mostrou agrado pela iniciativa, mas também certezas quanto a eventuais mudanças de hábitos: “eu moro longe [da escola], não consigo convencer os meus pais a deixarem-me vir de bicicleta”.
Irrequieto na bicicleta enquanto ouvia os colegas de turma, Afonso Gonçalves mostrou mais confiança e argumentos, começando por responder que sempre quis ir “para a escola da bicicleta” e que acha que os “pais vão deixar” que passe a usar a bicicleta diariamente.
“Gostei de ter a polícia, senti-me muito mais seguro”, elogiou antes de proferir a frase que resume o projeto: “é importante para o ambiente pois não poluímos com os vapores do combustível e fazemos exercício físico”.
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