Denunciada por sinais imediatos como afrontamentos, insónias e secura cutânea e vaginal na maioria dos casos, a menopausa surge entre os 45 e 50 anos e marca uma, inevitável, nova etapa na vida das mulheres. Para lá do impacto emocional, as alterações hormonais que a caracterizam determinam transformações físicas que desempenham, em muitos casos, um papel importante na autoestima feminina.
"A longo prazo, como consequência da diminuição dos estrogénios, temos alterações da pele, do aparelho cardiovascular e do aparelho musculoesquelético", diz Sílvia Saraiva, endocrinologista. Com base nos seus esclarecimentos e com a ajuda de um dermatologista e de uma nutricionista, dizemos-lhe o que fazer para minimizar o impacto destas mudanças na sua imagem e também na sua saúde.
Gordura localizada e aumento de peso
É um dos problemas mais comuns, como alertam muitos especialistas. "Após chegar à menopausa, a maioria das mulheres tem tendência a ganhar volume ou na zona abdominal ou nos quadris e coxas devido à menor produção de estrogénios", afirma a endocrinologista Sílvia Saraiva. Por outro lado, "temos todo um metabolismo basal mais baixo, podendo levar a um aumento de peso generalizado". Mas por que é que tal acontece?
"São as hormonas que nos dão energia e, por isso, enquanto se mantêm nos níveis normais, promovem maior desgaste do organismo, ajudando o metabolismo basal a estar mais alto", diz a especialista. A menopausa assinala uma diminuição da produção de hormonas, nomeadamente do estrogénio e da progesterona, pelo que há um abrandamento do metabolismo na maioria dos casos.
Diminui a quantidade energética que o corpo utiliza, durante o repouso, para o funcionamento de todos os órgãos. "A diminuição dos níveis de estrogénio afeta a composição corporal da mulher. Há uma diminuição da massa muscular e um aumento da concentração de gordura na região abdominal", afirma Iara Rodrigues, nutricionista, autora do livro "Emagreça sem fome - Coma melhor e viva com saúde".
Por outro lado, "as taxas de colesterol e triglicéridos no sangue aumentam, a absorção e a captação do cálcio pelos ossos é prejudicada, aumentando o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e osteoporose», sublinha a autora da obra, publicada pela editora Clube do Autor. Segundo a Sociedade Portuguesa de Reumatologia, cerca de 39% das portuguesas com mais de 50 anos sofrem de osteoporose.
3 coisas que pode fazer para viver melhor este período
São várias as soluções preventivas a que pode recorrer:
1. Faça terapia de substituição hormonal
Esta consiste na reposição das hormonas em falta no organismo feminino, retardando os sintomas e o processo de envelhecimento e, "se for bem feita, o peso não aumenta porque todos estes fatores estão atenuados", afirma Sílvia Saraiva, que aconselha a realização da terapia "em todas as mulheres que não apresentam contraindicações formais".
Uma vez que a menopausa não é uma doença e que existem riscos associados, a decisão de realizar a terapia é tomada pela mulher. Aconselhe-se com o seu ginecologista. No caso de contraindicação, "os tratamentos naturais à base de derivados de soja, embora não sejam tão eficazes, ajudam", refere ainda a especialista.
2. Pratique exercício ao ar livre
"O exercício físico é importante para reverter a tendência para a flacidez e excesso de peso. É essencial para se envelhecer com saúde, já que melhora a pele, o cabelo, a resistência física e o aparelho musculoesquelético", diz a endocrinologista. Também
essencial é "a vida ao ar livre, pois a exposição ao sol aumenta a síntese de vitamina D", um aspeto essencial face ao aumento do risco de osteoporose nesta fase.
3. Tenha uma alimentação cuidada
"O número de calorias de que necessitamos para manter o corpo equilibrado nesta fase é cerca de 300 a 500 calorias inferior, o que implica um aumento significativo de peso se a alimentação não for adaptada a estas mudanças", diz Iara Rodrigues. Para consumir apenas as calorias de que o corpo necessita e ingerir os nutrientes importantes, há medidas práticas que deve adotar.
4 tratamentos complementares específicos a que pode recorrer
Porque todas as alterações de estilo de vida podem não ser suficientes, há tratamentos complementares específicos de remodelação corporal que podem resolver problemas que decorrem das mudanças da menopausa, como é o caso da gordura localizada. Estes são alguns a que pode recorrer:
1. Lipomassage LPG
É uma técnica de massagem mecânica (evolução da endermologia tradicional) que trabalha a gordura subcutânea, permitindo moldá-la e drená-la de forma mais eficaz. Depois de selecionada a zona a tratar, a paciente contrai os músculos com o auxílio de tiras elásticas. Os resultados produzem-se nas regiões mais afetadas pela gordura, produzindo-se uma rápida remodelação da zona tratada. Recomendam-se 15 sessões de 35 minutos.
2. Drenagem linfática manual
Este é um tratamento de massagem executado de acordo com um conjunto de movimentos, sequência e pressão específicos, com o objetivo de drenar a linfa que se encontra bloqueada. Adequado para mulheres que fazem retenção de líquidos com facilidade e para uma melhor distribuição de gordura nos membros inferiores. Recomendam-se, em média, 10 sessões de 60 minutos.
3. Velashape
Este é um tratamento que recorre à radiofrequência bipolar, à energia térmica infravermelha e à sucção pulsada. A aplicação de um manípulo diretamente na pele promove a redução rápida e visível da celulite, gordura abdominal e flacidez. Recomendam-se, em média, oito a dez sessões de duração variável, dependendo da zona a tratar.
4. Carboxiterapia
Este procedimento médico não cirúrgico que consiste na inflitração subcutânea de dióxido de carbono medicinal. Estimula a formação de colagénio e novas fibras elásticas, tratando estrias e flacidez, olheiras (no rosto). Recomendam-se, em média, 10 a 15 sessões de 45 minutos.
Texto: Rita Miguel com Sílvia Saraiva (endocrinologista) e Iara Rodrigues (nutricionista)
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