À medida que nos aproximamos dos 40 anos, sempre que falamos, sorrimos ou nos expressamos, as marcas da idade vão-se evidenciando e, depois disso, vão agravando. Mais desagradável do que isso só quando a gravidade toma conta do nosso rosto. Então, passamos a ter uma aparência que a sociedade, simpaticamente, associa à sabedoria. Felizmente, a medicina estética desenvolveu tratamentos chamados fillers, também conhecidos como preenchimentos, que prometem subtrair anos ao nosso semblante.
Como? Preenchendo as rugas estáticas e profundas e algumas cicatrizes pequenas com produtos que, temporariamente, aumentam o volume das zonas intervencionadas. Apesar de poderem ser usados em várias partes do corpo, a cirurgiã plástica Fátima Baptista Fernandes explica que "os fillers aplicam-se essencialmente no rosto". Hoje em dia, os profissionais de saúde que executam estes procedimentos estéticos utilizam sobretudo ácido hialurónico para preencher os sinais de idade e imperfeições.
Embora esta substância seja naturalmente segregada pelo nosso organismo, a sua produção vai decrescendo com o passar do tempo. Por isso, pode ser necessário repor os níveis de modo a prolongar a aparência de juventude ao máximo. Contudo, a especialista em cirurgia plástica reconstrutiva e estética informa que "já não se usa o colagénio extraído da pele bovina nem o ácido hialurónico obtido da crista do galo, porque têm muitas toxinas, podem transmitir doenças e muitas pessoas faziam reações alérgicas brutais", adverte. A solução encontrada pela comunidade científica foi sintetizar artificialmente o ácido hialurónico.
Os especialistas passaram a fazê-lo por questões de segurança e também para garantir uma boa tolerância do produto. Enquanto a substância foi esterilizada, a técnica de preenchimento tem vindo a ser refinada nos últimos 20 anos, produzindo resultados mais duradouros do que anteriormente. "As seringas que usamos agora têm um mililitro. No máximo, dois. Antigamente, tinham 20 e até 30 mililitros. Podem injetar-se na derme, junto do osso ou na parte muscular", esclarece ainda Fátima Baptista Fernandes.
"A partir da terceira infiltração, as pessoas aparecem de ano a ano. Na primeira aplicação é que a pele está muito ávida de ácido hialurónico e acaba por metabolizá-lo mais depressa”, revela a médica. Cada intervenção costuma ser rápida, podendo demorar até cerca de 30 minutos, se forem tratadas diversas áreas. Após a sessão, a pessoa deve fazer gelo logo de seguida e durante o resto do dia, deixando-o atuar 15 minutos de cada vez. Convém dormir com a cabeça alta, colocando duas almofadas debaixo da cabeça.
É importante que faça tudo isto para reduzir o inchaço. O resto são cuidados básicos. Fátima Baptista Fernandes aconselha a hidratar a zona intervencionada e a evitar uma exposição solar direta, "porque favorece a flacidez da pele", sublinha a cirurgiã plástica. Segundo a especialista, a maioria das pessoas pode fazer preenchimentos com ácido hialurónico, "desde que não tenha alergias nem doenças autoimunes". "O ácido hialurónico não deixa fibrose nem provoca nenhuma alteração nos tecidos", assegura.
Ainda assim, a médica alerta para um risco associado a este tipo de procedimentos, que já é conhecido do público, uma vez que tem sido falado em diversas ocasiões. "Pode haver migrações para locais próximos da infiltração", refere. Tudo indica que as vantagens parecem estar a suplantar as potenciais desvantagens dos tratamentos de preenchimento com ácido hialurónico, dada a crescente procura atual. "Temos um público cada mais jovem, com cerca de 18 anos, a querer aumentar os lábios", desvenda.
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