Naquela que é a sua 60ª edição, a ModaLisboa Core volta a unir-se novamente ao Istituto Europeo di Design Milano (IED) que, desde 2022, é a principal parceira daquele que é um dos momentos mais antecipados do primeiro dia do certame: o concurso de talentos Sangue Novo. Pela segunda vez consecutiva, o IED vai integrar o painel de jurados que, em conjunto com os outros seis membros, irá selecionar dois vencedores, sendo que a um deles será entregue o prémio ModaLisboa x IED — Istituto Europeo di Design Milano.
Mas o que é que significa para o IED, considerada uma instituição de referência europeia na área de moda e design que abriu portas em 1966, marcar presença naquele que é considerado o principal certame de moda nacional? Riccardo Balbo responde sem pestanejar. “A ModaLisboa é o principal evento que permite mostrar moda e novas gerações”, afirma em entrevista ao SAPO Lifestyle o diretor académico sobre esta troca de sinergias entre as duas instituições ligadas ao mundo da moda e que contará com diferentes momentos ao longo dos quatro dias.
A primeira a ter lugar é a participação de Olivia Spinelli, coordenadora e diretora criativa do IED em Milão, no painel de jurados do Sangue Novo que se assume como uma plataforma de experimentação e expressão de identidade da Lisboa Fashion Week. “Fazer parte do júri é uma boa forma de olhar para educação de design em Portugal, o que para nós é crucial porque Portugal é um dos sítios na Europa onde ainda é possível participar ao invés de trazer algo. Ou seja, nós não estamos a trazer o design italiano para aqui, mas estamos a participar no desenvolvimento de novas gerações que têm interesse em design”, afirma sobre este concurso que se dividiu em duas fases: a primeira em outubro, onde foram apurados cinco finalistas, e a segunda na próxima sexta-feira, onde vão ser anunciados os dois vencedores a quem serão entregues prémios distintos: o IED – Istituto Europeo di Design e o Tintex Textiles.
Mas este tipo de competições não são uma novidade para o Istituto Europeo di Design. Todos os anos, decorre em território italiano uma competição, organizada pela associação Piattaforma Sistema Formativo Moda ETS, onde as melhores escolas de moda do país competem entre si. Neste evento, os melhores alunos são convidados a participar num desfile de moda onde irão apresentar as suas coleções a um painel de jurados. “Escolhemos a melhor escola, o melhor estudante e a melhor coleção. É exatamente o que está a acontecer aqui. É um tipo de competição semelhante”, salienta.
Nesta edição, e como forma de apoiar um dos vencedores, o IED vai entregar uma bolsa de estudos avaliada em 20.100€ a um estudante português que terá a oportunidade de estudar Design de Moda num dos seus polos universitários. Durante o mestrado, o vencedor terá a oportunidade de desenvolver uma coleção que será apresentada na plataforma Workstation na próxima edição da ModaLisboa. Questionado sobre o que é que a IED e os seus programas têm a oferecer a um aspirante a designer, Riccardo Balbo diz que o seu objetivo é muito mais do que ensinar os seus alunos a fazer moda, criar produtos e lançar a sua própria marca. Para além das ferramentas que oferece, a sua missão enquanto escola de design tem um objetivo muito claro: focar-se “no design enquanto disciplina, onde inteligência e criatividade trabalham em simultâneo de forma a desenvolver e aumentar a qualidade da vida humana.”
Na hora de tomar uma decisão final, a criatividade assim como o amor e paixão pelo mundo da moda não bastam para se sair vitorioso deste concurso de talentos. Os cinco finalistas precisam de muito mais para convencer os jurados de que são merecedores deste prémio e têm tudo aquilo que um jovem designer necessita para singrar nesta indústria. “Eu e a Olivia estamos interessados em perceber quem tem ferramentas, mas não é apenas isso. Queremos tentar perceber quem irá mostrar um equilíbrio entre ferramentas técnicas, sensibilidade, visão e, de forma surpreendente, conseguir fornecer novas soluções. Não é apenas uma questão de criatividade. O vencedor pode imaginar algo, mas se não existe uma forma de produzir o produto apresentado, portanto para nós não vai ser algo incrível.”
Çal Pfungst, Darya Fesenko, Inês Barreto, Molly98 e Niuka Oliveira são os nomes dos finalistas que, em outubro, apresentaram as suas coleções e que agora voltam a competir entre si num último desfile. Questionado sobre o processo de seleção e se por vezes é difícil tomar uma decisão desta magnitude, o diretor académico refere que esta nem sempre é uma tarefa simples e justa. “O júri sabe como selecionar, mas por outro lado não existe objetividade nisso. É um jogo com muitas pessoas, muitos jurados e muitas condições. […] Se fosse apenas uma bolsa de estudos e um participante era fácil”, colmata.
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