As novas coleções de primavera/verão de 2021 já começam a chegar aos armazéns mas muitas lojas de roupa, atualmente encerradas por causa da pandemia viral que confinou o mundo, ainda estão longe de escoar os stocks da última estação. Em Portugal, à semelhança do resto da Europa, calças, camisolas, casacos e vestidos amontoam-se nas prateleiras dos estabelecimentos e nos armazéns que lhes servem de apoio. Os negócios mais pequenos são os mais afetados mas a maioria dos agentes do setor regista quebras.

Se não conseguirem vender os stocks que adquiriram, muitos comerciantes não terão dinheiro para adquirir roupa das coleções de primavera/verão de 2021. Muitos viram-se forçados a recorrer a promoções na expetativa de incrementar as vendas, o que reduziu as margens de lucro habituais, agravando o problema. As lojas físicas das principais marcas de moda também não escaparam à crise. Têm, no entanto, uma vantagem. A sede pode mandar recolher os stocks por vender e rentabilizá-los de outra(s) forma(s).

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Algumas enviam as sobras para outlets ou estabelecem parcerias com plataformas de comércio digital como a Showroomprivé, que viu no último ano o número de parcerias com marcas crescer 30%. Outras guardam-nas em armazém e voltam a colocá-las à venda na estação seguinte, como se tivessem sido acabadas de produzir. Enviá-las para mercados de países com menor poder de compra ou distribui-las por associações são outras das práticas comuns. A reciclagem é outra das vias possíveis, apesar de ainda ser pouco explorada, por causa dos montantes de investimento que exige. Antes, haviam empresas que preferiam queimar as sobras a dá-las.

Apesar de continuarem a existir firmas que o fazem, esta é uma prática que, segundo os agentes do setor, tem vindo a ser abandonada. A França é um dos países que tem em mãos legislação que o proibe, ainda que a entrada em vigor continue por efetivar. A par das lojas, também as fábricas de têxteis se veem a braços com dificuldades. Um inquérito levado a cabo pela Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) revelou que, para compensar as quebras na produção e na faturação, a maioria pede mais apoios estatais.