
Quem entra tem a sensação de que o espaço, amplo e moderno, podia ficar em qualquer grande metrópole do mundo. Elegante, o Duro combina elementos tradicionais com as últimas tendências. A mesa do DJ, muito ao estilo madrileno e onde também é possível fazer uma refeição, revela-nos que é um lugar que se transforma ao longo do dia e que acompanha o espírito e o ritmo da cidade.
Situado em Santos, entre o IADE e o Mercado Time Out, distingue-se por resgatar o conceito dos restaurantes mais clássicos da capital. Conforme diz Francisco Nobre, um dos sócios do projeto, o objetivo é "enfatizar o produto sem ter espumas e camadas". "Inspiramo-nos na gastronomia lisboeta de meados do século XX", afirma, acrescentado que o "foco é a qualidade".

Regresso ao século XX
Na sala, um carrinho que parece saído de outros tempos para junto à nossa mesa. Vítor Costa, responsável de sala, emprata ali, à nossa vista, a primeira entrada: carpaccio de atum vermelho (25€). Serve-nos com atenção e ausenta-se por momentos para preparar o próximo ato. Vítor é o maestro daquela sala garantindo a sua harmonia. Sempre que necessário, substitui pratos, reabastece copos e limpa migalhas da mesa. Estamos perante um empregado de mesa "à antiga" que nos faz olhar para o serviço de mesa como uma arte.
Também a tortilha aberta com gambas (22€) que nos chega à mesa é repartida por Vítor. Explica-nos Francisco que, entre os anos 1950 e 1960, Espanha e França inspiravam a gastronomia dos melhores restaurantes da capital e, por isso, não é de estranhar que, na ementa, desenhada pelo chef Sandro Farinho, existam referências a ambas cozinhas.

Ao longo do almoço, o responsável de sala vai entrando e saindo de cena. Depois de retirar os pratos de entrada de inspiração espanhola, Vítor volta com o carrinho. Desta vez, há uma tigela com gelo, tostas de brioche, carne e condimentos. À nossa frente, e com um sorriso, o mestre da arte de bem servir começa a preparar um tártaro de novilho (24€).
Por esta altura, as gerações mais novas e os turistas podem começar a achar que, no século XX, Lisboa, fascinada por Paris e Madrid, ignorava os sabores típicos da nação, porém, a boa notícia é que os pratos mais emblemáticos do país também integravam as ementas, tanto que, na carta do Duro, "sobressai a portugalidade".

Já a pensar em quem está com vontade de descobrir ou matar saudades da cozinha tradicional portuguesa, Vítor serve-nos um bacalhau a brás (23€). O prato, que dificilmente desilude (o que faz com que nem sempre consiga surpreender), apresenta-se aqui de forma diferente. Neste espaço, do grupo Attifood e "irmão" do Descarado, Sem Vergonha, Vivant e Yuppie, a especialidade vem desconstruída, por camadas e é preparada com bacalhau fresco.
Para aconchegar ainda mais o estômago, experimentamos o arroz de forno com magret de pato (50€ para duas pessoas). Para quem procura outros sabores tradicionais, há arroz de forno de robalo e gambas (60€) e barriga de leitão crocante (26€).

Aos domingos, há cozido à portuguesa (25€). Quem pedir este prato tradicional, que convida a momentos descontraídos, pode repetir as vezes que pretender.
Terminamos a refeição com um guloso mil folhas de limão merengado (10€). Para além desta sobremesa, existe como sugestão tábua de queijos 3 variedades (20€), tarte basca (11€) e tarte de maçã com gelado (11€), entre outras.
Em relação aos vinhos, a casa aposta numa mistura de clássicos com novos produtores, sobretudo nacionais onde se incluem as ilhas, com alguns apontamentos de vinhos internacionais.

A origem do nome
O nome, inusitado (tal como o dos restantes do grupo), deve-se a uma das ruas onde se encontra o espaço, a Boqueirão do Duro, com origem nos arruamentos antigos que desembocavam no rio, os boqueirões.
"Desde que abrimos o Sem Vergonha, que pensámos em poder alargar a rede de restaurantes e tínhamos esta zona como target", comenta o sócio do restaurante. "Ao ver crescer este prédio novo, nesta zona que me é tão familiar, identifiquei logo a excelente oportunidade que aqui se estava a desenvolver", refere ainda.

Situado numa loja de esquina, com um pé direito de quase quatro metros e grandes janelas que permitem a entrada de luz natural, o novo restaurante de Santos combina um ambiente acolhedor com o dinamismo de uma localização privilegiada, perto da Rua de S. Paulo. "Tem muita luz e imensas janelas para a rua, o que faz deste espaço o local ideal para o conceito do Duro, que enaltece a Lisboa clássica do século passado”, partilha Francisco.
De fácil acesso e localizado numa zona central, o novo spot gastronómico atrai tanto habitantes locais como turistas e disponiliza, de forma gratuita, um parque de estacionamento para os clientes. A cozinha encontra-se aberta das 12h00 às 23h00 ou meia-noite, conforme o horário, sem interrupções. À noite, os jantares são animados com a presença de um DJ.
Com uma abordagem que mistura o clássico e o contemporâneo, o Duro distingue-se por uma pegada avant-garde, com uma identidade visual e conceptual do restaurante que assenta na combinação de elementos tradicionais e nas últimas tendências de design.
Para a decoração, o espaço aposta em materiais nobres como a madeira e a pedra natural, combinados com a dureza do inox e o mobiliário moderno e confortável.
O Duro conta com 70 lugares nas mesas, 11 ao balcão e 12 lugares na sala privada, com entrada independente a partir do exterior, para eventos ou reuniões privadas.
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