Com a cerimónia de anúncio das estrelas Michelin finda em Sevilha, salda-se a noite andaluza com quatro novas entradas lusas no Guia para Espanha e Portugal, o reforço de uma nova casa com duas estrelas Michelin. Portugal continua sem somar um três estrelas aos seus restaurantes com a distinção da Michelin.
Contas feitas, há quatro novos restaurantes com uma estrela: Epur, de Vincent Farges (Lisboa), Mesa de Lemos, de Diogo Rocha (Viseu), Vistas, de Rui Silvestre (Faro), Fifty Seconds, de Martín Berasategui (Lisboa), que chega à primeira estrela em Portugal com o restaurante que abriu em novembro de 2018. Nesta gala Michelin, o chefe de cozinha basco acumulou três novas estrelas - uma para o nosso país, duas para Espanha.
No que respeita às duas estrelas, a assinalar a subida da Casa de Chá da Boa Nova, de Rui Paula (Leça da Palmeira) da primeira para a segunda estrela.
Nos discursos em português, Rui Paula referiu-se "emocionado por representar um país tão bonito como Portugal", acrescentando palavras de apoio à sua equipa, pois sem ela "o resultado não teria sido conseguido". O chefe de cozinha português recordou ainda o mar frente ao seu restaurante e o peixe português.
Em entrevista ao SAPO Lifestyle, em setembro deste ano, Rui Paula afirmava: Agora temos uma [estrela], mas trabalhamos para a segunda, que é a melhor forma de assegurar a primeira [risos]. Quem não fica orgulhoso por ver o seu trabalho reconhecido?
Quem não fica orgulhoso por ver o seu trabalho reconhecido?
No campeonato da perda de estrelas, a expetavel despromoção para o restaurante Henrique Leis, de Henrique Leis (Almancil), assim como o L'And Vineyards, de José Tapadejo (Montemor-o-Novo), e o Willie's, de Willie Wurger (Quarteira).
Recorde-se que Henrique Leis, tal como expressou ao SAPO Lifestyle em julho último, mostrava-se favorável à saída do guia, alegando "cansaço" e querendo "liberdade criativa".
Na lógica de descentralização, face aos grandes centros populacionais, de sublinhar a entrada do restaurante Mesa de Lemos na categoria de uma estrela. Em linha com as novidades do ano transato, quando os restaurantes G. Pousada, em Bragança e a Cozinha/António Loureiro, em Guimarães, ganharam a sua primeira estrela.
Portugal conquista, assim, 34 novas estrelas num ano que se antevia, por parte dos responsáveis do guia gaulês como "excecional" para a gastronomia de Portugal e Espanha, “com um crescimento em todas as categorias”, em particular na atribuição de uma estrela.
Na edição do próximo ano, há seis novos restaurantes portugueses com a categoria Bib Gourmand (boa relação qualidade/preço): Casa Chef Victor Felisberto (Abrantes), Solar do Bacalhau (Coimbra), La Babachris (Guimarães), Saraiva’s (Lisboa), In Diferente (Porto) e Ó Balcão (Santarém).
Este 2019, a Michelin apresentou uma novidade, o galardão da Sustentabilidade. Rebeca Nieto, Diretora Comercial Michelin para Espanha e Portugal, fez a apresentação do vencedor, o restaurante Aponiente, do Porto de Santa Maria, em Cadiz, liderado na cozinha pelo chefe Ángel León.
Citando a agência Lusa, "na nota de imprensa divulgada durante a cerimónia, o diretor internacional dos guias Michelin, Gwendal Poullennec, afirmou que se assiste atualmente a ´uma consolidação da alta cozinha` em ambos os países. Quanto às tendências, o responsável destacou que os hotéis dão “cada vez maior valor estratégico às suas propostas gastronómicas”, mas também o facto de “muitos chefes estarem a optar pela cozinha criativa de fusão, incorporando nos seus menus detalhes exóticos e ingredientes próprios do receituário peruano, mexicano ou nipónico”.
Além disso, acrescentou Poullennec, “é muito gratificante ver como Espanha e Portugal participam nas tendências culinárias globais e vão dando maior protagonismo aos alimentos fermentados, aos menus vegetarianos, aos produtos ‘km 0’, à sustentabilidade e à incipiente reciclagem”.
“O nível gastronómico destes dois países continua no auge e a criatividade dos seus chefes demonstra uma constante ebulição”, comentou.
Nenhuma entidade oficial representou Portugal durante a gala desta noite.
Recorde-se que em 2018, ano em que a Gala da entrega das estrelas Michelin se realizou em Portugal, as aspirações voaram alto, antevendo-se, inclusivamente, a possibilidade de alcançarmos as tão ambicionadas três estrelas Michelin. No final da noite, a restauração nacional havia conquistado mais um restaurante para a dupla de estrelas, o Alma, de Henrique Sá Pessoa e acenava com uma estrela em mais três casas, a Cozinha por António Loureiro/António Loureiro (Guimarães), a G. Pousada, dos irmãos Óscar Gonçalves e António Gonçalves (Bragança) e o Midori/Pedro Almeida (Sintra).
A primeira Gala de entrega das estrelas Michelin Portugal e Espanha data de 2010, ano em que se adotou este formato. Até este 2018, a iniciativa realizou-se sempre no país vizinho, mas concretamente em Madrid, Barcelona (Catalunha), Girona (Catalunha), Santiago de Compostela (Galiza), Marbella (Málaga), Tenerife (Canárias).
Em 2018, a capital portuguesa ganhou a Gala a cidades como Santander, Valência e San Sebastian. As autoridades municipais destas urbes haviam manifestado interesse em organizar a gala de atribuição das estrelas para 2019.
Em 2019 a Gala retornou a Espanha, a Sevilha.
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