Todos nós temos visto imagens do efeito do confinamento da Humanidade. As cidades ficaram vazias, os tráfegos terrestres e aéreos reduziram abruptamente, vemos imagens de animais selvagens a passearem nas cidades, dos canais de Veneza límpidos, da visibilidade dos Himalaias, além de gráficos que comprovam a diminuição da poluição. Estas informações deixam-nos com a percepção de que a Terra precisava de descansar.

Longe dos empregos, das escolas, do tempo perdido no trânsito, das inúmeras atividades, estamos a ser obrigados a reduzir a nossa mobilidade ao essencial e estamos a dar uma pausa ao nosso Planeta.

Esta pausa imposta pela vida está a ter um enorme poder curativo sobre o Planeta e pode ter o mesmo efeito sobre a Humanidade dependendo da atitude que escolhermos nestes tempos que nunca pensamos ser possíveis de viver.

Um inimigo invisível tirou-nos o tapete e, de repente, vemos a nossa vida em suspenso e confinados aos nossos lares. Incrédulos e a vivenciar um luto antecipado pela vida tal como a conhecíamos, para quase todos nós uma vida em piloto automático, muitas vezes sem sentido e com muita exigência onde não sobra espaço para nos dedicarmos à nossa dimensão espiritual. Estes tempos propõem que, temporariamente, se redirecione o foco do exterior para o interior.

A incerteza dos tempos que estamos a viver pode trazer ao de cima o nosso lado sombra, ativa em nós emoções como o medo, ansiedade, pânico, impotência, revolta, raiva ou tristeza mas também nos devolvem a nossa Humanidade, deixam-nos vulneráveis, ativam a empatia e compaixão pelo sofrimento e as perdas de vidas que ocorrem em grandes números em todo o mundo, a generosidade entre a comunidade e crescimento de criatividade necessário na adaptação desta fase restritiva.

Se olharmos para estes tempos de isolamento social com uma perspetiva de cura em vez de vitimização teremos a oportunidade de sairmos desta fase com mais consciência, até porque quanto maior for a resistência ao que está a acontecer maior é o nosso sofrimento.

Se em vez ficarmos assoberbados pelas emoções, se em vez de projetarmos as nossos medos e inseguranças em culpar o vírus, ou em procurar outros culpados e apontarmos o dedo às medidas do governantes ou projetar-mos as nossas emoções densas nos outros, se em vez disso tudo finalmente nos disponibilizarmos para nos conectarmos com o nosso interior, podemos utilizar de modo muito mais produtivo e criativo esta proposta da vida e utilizar estes tempos de pandemia com um agente de transformação espiritual da Humanidade.

A vida como a conhecíamos inevitavelmente já está a mudar, provavelmente em termos sociais irá melhorar, depois de um longo período de adaptação. Entretanto, estamos no aconchego nas nossas casas junto com a nossa família mais próxima e temos a grande oportunidade de restaurar relações com eles e connosco.

Temos o tempo necessário para fazermos atividades que nos devolvam quem somos, brincar com as crianças, cantar, cozinhar, meditar, expressar a criatividade, só porque essas atividades nos devolvem a felicidade. Temos o tempo necessário para interiorizar, sentir o que está o nosso peito, aceitar e limpar as emoções.

E para isso podemos utilizar a prática da Meditação como ferramenta de transcendência da nossa situação atual em algo mais evolutivo. A disponibilidade em entrar em contacto com a nossa respiração, pensamentos, emoções ajuda a harmonizar a energia que emanamos, a aumentar a consciência, ajuda a limpar Karmas, que são emoções de vidas anteriores, ajuda a sabermos quem somos de modo a podermos escolher o que faz sentido para nós, o Dharma ou seja, o nosso caminho.

Talvez seja esta a proposta do Universo com este vírus, que apesar das perdas e de todo o sofrimento no final desta epidemia sejamos humanos mais conectados, com mais consciência das nossas emoções, do que realmente é importante para nós, que consigamos dar mais valor às pessoas, à vida e ao Planeta e sobretudo sejamos mais felizes.

Texto: Brahmi Wellness