A saúde mental está na ordem do dia, já somos capazes de reconhecer que sem saúde mental, não há saúde, que sem saúde mental, não há bem-estar e felicidade. Nunca se falou tanto de saúde mental como se fala atualmente, mas será que agimos de forma a garantir que a saúde mental é uma prioridade?
Apesar de ser inequívoca a importância da saúde mental, continuamos a investir pouco nesta área, teimamos em deixar que as nossas vidas prossigam à deriva, sem um rumo. E quando surgem sintomas, sejam eles de ansiedade, de depressão ou qualquer outro sintoma como, por exemplo, tiques, aquilo que - apressadamente - fazemos é tentar ignorar, tentar reagir em ‘fuga para a frente’, passando por cima da mensagem que esse sintoma nos traz, fingindo que não tem verdadeiramente importância.
Quando o fazemos, colocamos a saúde mental em segundo plano e criamos condições para o crescimento de quadros de sofrimento psicológico intenso. A título de exemplo, basta repararmos que quando sentimos ansiedade, aquilo que tendencialmente fazemos é rejeitar, dizendo para nós próprios “já vai passar”. Este diálogo acaba por ser tão contraditório para o nosso mundo interno que todos os sintomas - mais tarde, ou mais cedo - acabam por crescer, como se o nosso interior fosse obrigado a gritar para que, por fim, nos permitamos a ouvi-lo.
Precisamos de tornar consciente para todos, que quando ignoramos os sintomas, fazemos com que eles ganhem espaço, fazemos com que se transformem em cada vez mais angústia e sofrimento.
Por tudo isto, é urgente que a saúde mental passe das palavras às ações, que é qualquer coisa como, quando surgem, os sintomas, olhamos para eles de frente, fazermos um esforço para os desvendar e para os gerir de forma adaptada, que perante o sofrimento psicológico a consulta de psicologia passe a ser uma opção viável e não apenas o último recurso, quando no limite a dor se torna tão desconfortável que o dia a dia começa a ficar comprometido.
Nunca nos esqueçamos que, mais do que falarmos intensamente sobre saúde mental, precisamos de agir em prol da saúde mental!
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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