Com a evolução tecnológica dos últimos anos, os mais novos têm acesso a todo o tipo de aparelhos eletrónicos: crianças de oito anos com smartphones ou até mesmo bebés a mexer em tablets começam a ser situações normais. Como consequência, todos nós (pais, tios, primos e amigos) assistimos a uma maior dificuldade de socialização entre as crianças, a um maior sedentarismo que se traduz em menos atividade física e, a médio prazo, em excesso de peso com implicações na saúde.
Por isto mesmo, cabe aos pais terem o papel de conseguirem promover uma maior prática de exercício físico por parte das suas crianças, criando melhores hábitos para a sua saúde. A maior dificuldade passa pela forma como estes conseguem influenciar os filhos em escolher a atividade física certa para si. Mas então, como se deve proceder?
Antes de mais, será preciso conhecer as crianças nas suas atividades e nada melhor do que começar desde cedo a participar nas brincadeiras com eles. Não adianta muito dizer aos filhos para ir correr, se os pais passam semanas sem fazer exercício, sem brincar com eles num parque ou noutro contexto lúdico. É preciso promover a atividade física e a socialização entre a família.
Brincar com os filhos também leva a que se consiga identificar as brincadeiras em que são melhores e as em que têm mais dificuldades. A atividade ideal para a criança é aquela que ela gosta de praticar, por isso devemos deixá-la explorar aquilo que tem mais gosto a brincar.
Podemos reparar que algumas preferem atividades mais agitadas, equanto outras preferem as mais calmas. Depende também a personalidade e a competitividade, se preferem desportos individuais ou coletivos. Felizmente a atividade física adapta-se a todos.
Devemos considerar a idade da criança como um dos principais fatores na escolha da atividade. As crianças até aos dois anos devem ser estimuladas a puxar, empurrar, fazer jogos lúdicos e a começar exercícios de adaptação ao meio aquático com os pais. As que já andam sozinhas já podem ser estimuladas a pular, saltar e correr.
As crianças entre os três e cinco anos já podem ser estimuladas em atividades que desenvolvam uma maior coordenação motora como andar de bicicleta, atividades na água (introdução à natação), jogos com bola, situações onde ocorra mais contacto entre outras crianças.
A partir dos seis anos já podem ser considerados exercícios de maior intensidade e a introdução a desportos coletivos ou individuais, as crianças já percebem o sentido das regras dos jogos e começam a ter noção do trabalho em equipa e noções de cooperação. Além disso é a partir desta fase que já percebemos o verdadeiro gosto por certos desportos que a criança vai desenvolvendo.
Para além da idade, os pais devem perceber que as crianças são diferentes na sua anatomia, fisiologia e mentalidade. Ou seja, podemos perceber que crianças mais pequenas e leves terão mais sucesso/prazer em atividades que envolvam agilidade e resistência (ex: ballet, ginástica artística, etc.), crianças maiores e pesadas terão mais facilidade em atividades que exigem mais força ou vantagem pela altura (ex: judo, basquetebol), crianças que cooperam mais com outras, enquadram-se bem em desportos coletivos (ex: futebol) e crianças mais competitivas dão-se bem em desportos individuais (ex: atletismo, natação).
Claro que estas questões anatómicas e de personalidade são alguns indicadores que, na prática, podem não se traduzir naquilo que as crianças querem praticar. Se uma criança pequena e magra tiver um irmão mais velho que pratique basquetebol, provavelmente quererá praticar essa modalidade porque vê no irmão um modelo a seguir e os pais e treinadores não deverão impedir a prática da modalidade só por ser pequena e leve e por dificilmente conseguir ser um “Michael Jordan”.
Independentemente das características das crianças, devemos encorajá-las a diferentes estímulos desportivos, seja natação, ballet, ginástica, judo ou futebol. Todos eles são um benefício cardiovascular e muscular para todas elas, mas melhor que tudo promovem a socialização entre os amigos e a família e reduzem o tempo sedentário.
Resumindo, a escolha da melhor atividade para as crianças deverá ser aquela ou aquelas que possam desfrutar e manter a longo prazo, e por isso mesmo necessitam de explorar as várias modalidades para se conhecerem a si próprias e adquirirem as vantagens do exercício físico. Seja um menino magro, gordo, baixo ou alto, haverá sempre algo em que se sentirá integrado.
André Lourenço - Personal Trainer Holmes Place Algés
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