As doenças autoimunes surgem quando o sistema imunitário, que normalmente protege o organismo contra infeções, passa a atacar os seus próprios tecidos. Estas patologias podem afetar vários órgãos, incluindo articulações, pele, rins, pulmões, coração e o sistema nervoso, causando sintomas como dor articular, fadiga, inflamação, dificuldades respiratórias e, em casos graves, comprometimento da função de órgãos vitais. O impacto pode ser significativo, interferindo na qualidade de vida e na capacidade funcional dos doentes.

As doenças autoimunes reumáticas, como o lúpus eritematoso sistémico, a síndrome de Sjögren, a esclerose sistémica e a artrite reumatoide são mais prevalentes entre as mulheres. Fatores hormonais e genéticos parecem contribuir para tornar as mulheres mais suscetíveis a estas patologias.

Ao contrário do que se possa pensar, estas doenças não são exclusivas dos mais velhos e podem surgir em qualquer idade. Muitas vezes, afetam mulheres em idade fértil e podem ter impacto na gravidez, aumentando o risco de complicações obstétricas, como parto prematuro ou perda gestacional. Um acompanhamento médico especializado é essencial para garantir uma gestão adequada da doença antes e durante a gestação.

A Reumatologia desempenha um papel fundamental no diagnóstico e tratamento destas doenças. A deteção precoce é essencial para evitar a progressão da inflamação e prevenir complicações irreversíveis. Para isso, é fundamental estar atento aos sintomas e garantir uma referenciação rápida para um especialista. Embora a maioria das doenças reumáticas autoimunes não tenha cura, os avanços terapêuticos têm reduzido significativamente a incapacidade e melhorado a qualidade de vida dos doentes.

Para além da medicação, a educação dos doentes, da família e da comunidade é essencial para promover a compreensão e garantir um suporte psicológico adequado. O envolvimento da família pode fazer a diferença na adesão ao tratamento e no bem-estar emocional das pacientes.

É fundamental sensibilizar para a importância do diagnóstico precoce e do acesso a cuidados especializados. Com informação, avanços terapêuticos e um seguimento adequado, é possível proporcionar mais bem-estar e melhorar o prognóstico da doença nas mulheres que vivem com doenças autoimunes.

Um artigo de Diogo Jesus, reumatologista na ULS Região de Leiria. Doutorando na Universidade da Beira Interior e Membro da Sociedade Portuguesa de Reumatologia.