Até 40% das mulheres podem ter dores durante o ato sexual. Estas queixas denominam-se de dispareunia e podem ser causadas por problemas de saúde das estruturas mais superficiais como a abertura vaginal ou vulva. As dores durante o ato sexual também se podem dever a problemas nas estruturas mais profundas; dentro da pelve. As infeções e/ou aderências dos órgãos no interior da pelve, como o útero, ovários e trompas uterinas podem levar a este quadro doloroso.
Outras causas menos frequentes incluem a endometriose (implantes anómalos de endométrio fora do útero) ou tumores pélvicos. Menos frequentemente, os miomas (tumores benignos uterinos) também podem dar estas queixas.
Não deve ter receio em assumir este problema e procurar assistência médica, pois frequentemente existem causas que podem ser tratadas! O exame objetivo e o recurso às técnicas de imagem de diagnóstico e terapêutica podem ajudar a identificar causas potencialmente tratáveis.
Melhoria da função sexual feminina
Um estudo europeu de 2017 (EFUZEN) provou que a embolização uterina melhora de forma significativa todos os aspetos da função sexual feminina e a qualidade de vida das mulheres tratadas. No total, 264 mulheres foram tratadas por embolização uterina por terem fibromiomas uterinos e/ou adenomiose sintomáticos.
Todas as mulheres realizaram uma Ressonância Magnética (RM) antes e 6 meses após a embolização uterina. Um ano após a embolização uterina, 79% das mulheres tiveram uma melhoria significativa da função sexual e mais de 90% tiveram uma melhoria significativa da qualidade de vida.
Relativamente aos restantes sintomas como hemorragia uterina anómala, aumento abdominal ou dores pélvicas, 85% das doentes tratadas referiu ter tido uma franca melhoria das queixas. A RM após a embolização uterina permitiu ver a resposta ao tratamento, redução nas dimensões dos miomas e do volume do útero e desta forma predizer os resultados clínicos a médio e longo prazo.
Estes achados são pertinentes porque raramente a classe médica se preocupa com a qualidade de vida ou função sexual, aspetos fundamentais para quem procura assistência médica. Neste estudo ficou provada a estreita relação entre os fibromiomas uterinos, adenomiose e a disfunção sexual/qualidade de vida das mulheres. Além disso, ficou provado que a embolização uterina permite tratar os fibromiomas/adenomiose, melhorando de forma categórica todos os aspetos da função sexual e a qualidade de vida das mulheres.
O útero não precisa de ser visto meramente como um órgão para a reprodução que pode ser removido quando já não se deseja ter filhos. A embolização uterina permite tratar doenças uterinas e preservar a integridade corporal e uterina e, desta forma, melhorar a qualidade de vida das mulheres, preservando a feminidade.
Um artigo do médico e professor Tiago Bilhim, radiologista de intervenção no Hospital de São Luís.
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