À semelhança do que acontece com a generalidade das patologias, também no caso das doenças cardiovasculares o diagnóstico precoce é determinante: quanto mais cedo se avaliar o risco, maiores as possibilidades de impedir o aparecimento ou agravamento da doença cardiovascular.
Se a isso se acrescentar o facto de muitos dos fatores de risco para estes problemas poderem ser atenuados com a adoção de hábitos de vida saudáveis, compreende-se a necessidade de atuar em idades cada vez mais jovens.
É na prevenção que reside uma das maiores estratégicas de combate à doença cardiovascular e no controlo dos fatores de risco. Segundo um estudo desenvolvido no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge demonstrou-se que, numa população entre os 18 e os 79 anos, cerca de 55% das pessoas têm 2 ou mais fatores de risco cardiovasculares: mais de metade tem excesso de peso ou obesidade; cerca de 40% têm hipertensão arterial; 1/4 dos portugueses fuma e cerca de 30% têm colesterol muito elevado.
Além do mais, os fatores de risco potenciam-se uns aos outros, ou seja, ter excesso de peso ou obesidade irá aumentar a probabilidade de ter diabetes e colesterol elevado, por isso, o combate a estas ameaças deve fazer-se em conjunto, de forma a tentar controlá-las em simultâneo.
A boa notícia é que a grande parte dos fatores de risco são modificáveis e podem ser controlados e modificados, tais como a diabetes, o colesterol elevado, a pressão arterial, o excesso de peso e obesidade, o tabagismo, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas e o sedentarismo.
Estratégias para manter um coração saudável desde cedo:
1. Exercício físico
Há uma relação direta entre as horas passadas à frente da televisão e a prevalência da obesidade. As crianças precisam de 60 minutos de atividade física moderada a vigorosa por dia. Encontre atividades que possa praticar com os seus filhos para ajudar a que se mantenham saudáveis.
2. Controlo dos níveis de colesterol
Níveis elevados de colesterol na infância e adolescência estão associados à prevalência de doença coronária na fase adulta. Dados de vários países têm mostrado altos níveis de colesterol plasmático em crianças e adolescentes, levando muitos estudiosos a considerar a necessidade de prevenção pediátrica das doenças cardiovasculares. Uma boa alimentação e a prática de exercício físico regular contribuem para baixar o colesterol.
3. Dieta equilibrada
Estudos revelam que a qualidade da alimentação é um fator de risco para desenvolvimento de DCV e que a alimentação da criança está relacionada de forma íntima com o tipo de dieta dos pais. Assim, aproveite o momento da refeição como uma oportunidade de dar o exemplo e tente que toda a família coma, com frequência, frutas, vegetais e legumes, incluindo sopa, alimentos ricos em cereais integrais e peixe pelo menos 2 vezes por semana e não adicione sal no prato.
Simultaneamente, tenha atenção aos lanches que envia para a criança: evite os refrigerantes e os alimentos salgados, como os enchidos e conservas, reduza o consumo de alimentos ricos em açúcar e gorduras, especialmente as saturadas, como as que existem nos bolos de pastelaria e em refeições pré-preparadas. E lembre-se, a criança precisa de experimentar pelo menos 10 vezes um determinado alimento até aceitá-lo.
4. Vigiar a pressão arterial
A hipertensão é um dos principais fatores de risco para as DCV, por isso, cada vez mais é pratica corrente nas consultas de pediatria avaliar os valores de pressão arterial. Quando estes se encontram dentro dos limites recomendados, o coração, artérias e rins não estão sobrecarregados, o que contribui para os manter saudáveis por mais tempo.
Para controlar a pressão arterial, deve seguir-se uma dieta saudável, com um consumo de sal dentro das recomendações da Organização Mundial de Saúde (até 5g por dia), praticar-se exercício e manter-se um peso saudável.
5. Evitar o excesso de peso e a obesidade
Os mais recentes dados do estudo Childhood Obesity Surveillance Initiative da Organização Mundial da Saúde-Europa revelam que em Portugal 32% das crianças (7 anos) do sexo feminino apresentam excesso de peso (incluindo obesidade), o mesmo acontecendo em 29% das crianças do sexo masculino.
Embora estes resultados revelem uma tendência decrescente, a verdade é que os países do sul da Europa continuam a ser aqueles em que se verificam as maiores prevalências de obesidade infantil e as complicações (aumento do colesterol e/ou dos triglicéridos, hipertensão arterial, intolerância à glicose com posterior evolução para diabetes tipo 2, problemas do sono e ortopédicos), surgem em idades muito precoces.
6. Prevenir a diabetes
A frequência da diabetes tipo 2 aumentou correspondentemente ao incremento da obesidade infantil. Em adolescentes obesos, por exemplo, o estado de pré-diabetes pode ser transitório (com reversão para normal em 2 anos em 60%) ou progredir para diabetes, especialmente quando há um aumento de peso persistente.
Apesar de se poder levar uma vida normal com esta doença, as pessoas com diabetes têm um risco maior de sofrer de DCV. Para reduzir o açúcar no sangue é essencial diminuir o consumo de açúcares simples que existem nos refrigerantes, doces e sobremesas, e praticar exercício físico regularmente.
7. Não fumar
Os fumadores passivos têm um maior risco cardiovascular, já que o tabaco contribui para o endurecimento das artérias e para a formação de coágulos. O fumo passivo é particularmente perigoso para crianças, aumentando a suscetibilidade de desenvolver, ainda, problemas respiratórios como a asma, porque os pulmões ainda não estão totalmente desenvolvidos. Por isso, lembre-se de que o fumo do seu cigarro prejudica seriamente a saúde das pessoas que o rodeiam.
Comentários