
A incontinência urinária, definida como perda involuntária de urina, afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Apesar do grande impacto que tem na qualidade de vida, muitas pessoas demoram a pedir ajuda por vergonha ou por acreditarem que é algo decorrente do envelhecimento.
É fundamental alertar para a importância de quebrar o estigma em torno desta condição, encorajando as pessoas que a enfrentam a procurar um especialista para receber o tratamento mais adequado.
Fatores de risco
Embora seja mais comum entre mulheres, especialmente pós-menopausa ou com história prévia de partos, também pode atingir homens, principalmente aqueles que passaram por cirurgias prostáticas por cancro da próstata.
Tipos de incontinência
Existem diferentes tipos de incontinência, sendo as mais comuns a de esforço (quando há perda de urina ao tossir, rir ou fazer esforço físico) e a de urgência (quando há uma necessidade repentina e incontrolável de urinar). As diversas opções de tratamento dependem do tipo de incontinência e vão desde mudanças no estilo de vida até cirurgias minimamente invasivas.
Tratamentos
Nos casos mais leves, mudanças nos hábitos diários podem fazer diferença. Reduzir o consumo de cafeína e álcool, evitar grandes volumes de líquido antes de dormir e fortalecer os músculos do pavimento pélvico com exercícios específicos (como os famosos exercícios de Kegel) são medidas simples que ajudam muitas pessoas. Além destas medidas comportamentais, há fármacos que podem ser bastante úteis, sobretudo nos casos de incontinência de urgência.
Contudo, para muitos casos, essas abordagens não são suficientes. É aí que entra a cirurgia como uma solução eficaz e segura. Um dos procedimentos mais utilizados para tratar a incontinência urinária de esforço em mulheres é a colocação de uma fita sintética suburetral (também chamada de sling). Essa pequena fita dá suporte à uretra, ajudando a evitar a perda de urina. Estudos mostram que essa técnica tem altas taxas de sucesso e recuperação rápida, permitindo que a doente retome as suas atividades normais em poucos dias.
No caso dos homens, principalmente aqueles que desenvolveram incontinência após a remoção da próstata, existem opções como o esfíncter urinário artificial e o sling masculino. O esfíncter artificial, por exemplo, é um dispositivo implantado cirurgicamente que imita a função natural do músculo que controla a saída da urina, permitindo um excelente controlo urinário. Muitos doentes que passaram por esse procedimento relatam uma melhora significativa na qualidade de vida, conseguindo manter as atividades sociais.
Procurar um especialista é fundamental
É fundamental que as pessoas que sofrem de incontinência urinária saibam que há tratamento e que procurem um especialista na área. O estigma e a desinformação ainda são barreiras para muitas pessoas, mas, com mais consciencialização, podemos garantir que aqueles que precisam de ajuda possam ter acesso às melhores opções de tratamento.
Um artigo do médico Diogo Nunes Carneiro, urologista no Hospital CUF Trindade e Instituto CUF Porto.
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