Somos seres relacionais, é muitas vezes através das relações românticas que nos encontramos, que conseguimos ser mais espontâneos e mais felizes. No entanto, as relações românticas são também das áreas mais exigentes da nossa vida, implicam desafios múltiplos, que nem sempre somos capazes de sintonizar com as nossas necessidades pessoais.

Por isso, as relações românticas assumem um poder absolutamente fora do vulgar, quer para o lado bom, numa perspetiva de nos transformarmos, de evoluirmos e de nos levar a uma versão mais apurada de nós próprios, quer para o lado negativo, numa perspetiva que nos condiciona, que nos retira espontaneidade e que de alguma forma acaba com o nosso brilho.

As relações românticas assumem este poder, porque nos tornam especialmente vulneráveis, nos obrigam a abandonar o controlo e a arriscar. Assim, perante as exigências das nossas relações e perante pontos que possam originar a sua ruptura, deveremos sempre procurar perceber se a relação em que estamos está, ou não, a promover a nossa individualidade, está, ou não , a permitir-nos expressar em plenitude a nossa essência.

Para além disso, não nos podemos esquecer que nas relações seremos sempre dois e que, por isso mesmo, precisamos de dar o espaço à essência do outro, sem procurarmos modificá-la e moldá-la de forma a corresponder às nossas expectativas.

Perante isto, é essencial mantermos sempre presente que as relações românticas exigem sempre espaço para a comunhão de dois mundos que vão implicar o contraditório, por vezes, o conflito, mas, em paralelo, exigem sempre o respeito pela individualidade de cada um.

Assim, se quer uma relação romântica feliz lembre-se que uma relação será tão mais feliz e tão mais saudável quanto mais conseguir existir em liberdade, quanto mais sintonia a nível emocional existir e quanto mais procurar que os valores e objetivos de vida de cada um possam coexistir, complementar-se e amparar-se. Só assim, em conjunto um casal pode crescer, sem que — à custa disso — um dos elementos se anule ou fique em défice.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.