Praticamos chi kung há anos sem saber que o fazemos. Talvez lhe tenhamos chamado alongamentos, controlo da respiração, meditar, pensar ou simplesmente, sentir.

No fundo o Chi Kung é tudo isso com consciência plena disso mesmo. Ou seja, consciência que respiramos, que alongamos os músculos, os ossos, os tendões e, acima de tudo, consciência que sentimos.

Há medida que aprofundamos esta prática, vamo-nos tornando mais fortes física, emocional e espiritualmente. Em simultâneo com esta força, desenvolvemos também a sensibilidade.

Conseguimos sentir o que acontece no corpo, o que se passa na mente, controlamos a agitação da mesma, tudo de forma cada vez mais profunda.

Ao longo do tempo de prática, a intensidade vai aumentando.

Numa posição de quietude, o corpo balança por ele sem que a mente o conduza. Simplesmente deixamos fluir sem travar qualquer movimento do mesmo. Deixá-lo solto, sem pensar, sem comandar, sem dizer como fazer. Simplesmente estar, balançar, ficarmos quietos, aquilo que sentirmos que apetece.

Ao mesmo tempo, a mente continua a querer falar e se não a ouvimos, ela "grita" e bombardeia-nos com mil pensamentos em série para seja escutada, como se fosse única, como se fosse a razão de tudo o que acontece connosco e em nós.

Deixo-a convencer-se que é dona, que manda que condiciona e que faz o que quer.

Enquanto a mente perde tempo a "gritar" para se fazer ouvir, o corpo balança, leve, sensível mas forte, consciente e em sintonia com o que o faz mover.

Enquanto a mente fala, grita e se esgota, o corpo sente, harmoniza-se e simplesmente é.

Um dia, a mente perceberá que não é ouvida. Que o facto de falar muito e alto, serve apenas para se cansar, atingir um estado de auto saturação, de frustração porque sim, porque não é ouvida. O corpo já não obedece, porque está ocupado a ser.

Enquanto o corpo saboreia o prazer da quietude, a energia cósmica invade-o, percorrendo-o com as cores universais que fluem de cima para baixo e de baixo a cima, construindo um elo entre o céu e a terra. Balança, sente e flui… As cores circulam, procurando locais de identificação no corpo, pontos que fixam espirais e o revitalizam.

O corpo eleva parte dele, levantando os braços, sentindo o cosmos mais forte, ao mesmo tempo que os pés se afundam na terra.

O elo aumenta e todas as cores se fundem num branco cintilante.

Finalmente, a mente pára de gritar, pára de falar e deixa-se ir nesta fusão energética cósmica, identificando-se com o corpo que habita, fluindo, balançando e proporcionando uma explosão de emoções!

O corpo continua a balançar, tranquilo, solto, forte e leve. A mente viaja sem qualquer condicionante.

A emoção encontra-se num ponto intermédio de equilíbrio. E o Chi Kung dá lugar à essência…

Texto: Vera Bilé/Brahmi Wellness