Todos nós precisamos de nos sentir ligados e conectados, seja através de relações seguras e consistentes, seja a um trabalho ou a uma missão de vida. É este sentimento de conexão que nos alavanca para os desafios do dia a dia e que nos faz manter motivados e alinhados connosco próprios.
A verdade é que nem sempre é fácil sentirmo-nos ligados em todas as nossas áreas de vida, mas a dificuldade maior surge quando, de repente, olhamos à nossa volta e em nenhuma das áreas sentimos esta conexão, em nenhuma das áreas sentimos que estamos a ser verdadeiros e a cumprir aquilo que verdadeiramente nos parece pertencer e fazer sentido.
Quando assim é, vivencia-se muitas vezes um traço depressivo, não porque coisas negativas nos estejam a acontecer, mas sim porque não há abundância de coisas positivas que nos façam atingir o bem-estar e corresponder às nossas necessidades emocionais.
Regra geral este traço depressivo caracteriza-se por falta de motivação, por inércia e por um sentimento de estarmos desligados de nós próprios e da nossa realidade.
Este cenário apenas se inverte, com o desenvolvimento do nosso autoconhecimento, com uma exploração exaustiva de todas as nossas áreas de vida, de forma a, percebermos o que de facto nos move, o que de facto é importante para cada um de nós e que, no fundo, ativa os nossos sinais internos de concretização, de bem-estar e de estar no caminho certo.
Esta jornada de autoconhecimento nem sempre é simples e implica mexer em feridas do passado; implica colocarmo-nos em questão a nós próprios, às nossas relações e a todas as nossas áreas de vida. E colocar tudo em questão é, por si só, um grande desafio, que numa primeira fase implica algumas doses de angústia e sobressaltos. Para, só depois, permitir a clareza no nosso interior e, a partir daí, a nossa capacidade de nos alinharmos com ele de forma plena e tranquila.
Perante tudo isto, sempre que se tem a ideia de que se está ‘desintegrado’ nas diversas áreas da nossa vida, sempre que a morosidade e a falta de ação são mais fortes, que nunca nos esqueçamos de olhar para dentro de nós e de viajar na nossa história até que os ‘cliques’ se dêem e, conhecendo-nos a nós próprios nos voltemos a integrar, a conectar e alinhar com tudo aquilo que nos pertence e faz sentido para nós.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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