A rinossinusite crónica com polipose nasal é uma doença de nome longo e complexo, assim como é também complicada a realidade de quem lida com este problema diariamente. Os pólipos nasais podem ser descritos como pequenas protuberâncias que surgem no nariz e nos seios nasais. Silenciosos no seu aparecimento, estes pólipos são recorrentes, mesmo após uma ou várias cirurgias. Têm um impacto enorme na vida dos doentes, uma vez que, além do desconforto permanente de estar com o nariz sempre tapado (“entupido”), impedem noites de sono reparadoras, levando a um cansaço e fadiga elevadas. São, também, responsáveis por diminuir ou, mesmo, fazer desaparecer o olfato e o paladar, transformando simples atividades quotidianas em verdadeiros desafios.

Qualquer um pode ter pólipos nasais, porém são mais comuns em quem já vive com o diagnóstico de asma ou alergias e nas pessoas com idade entre os 40 e os 60 anos. A combinação de sintomas como congestão nasal, perda ou diminuição do olfato, pressão ou dor facial, dor de cabeça e rinorreia crónica, que decorrem da inflamação nasossinusal e da presença de pólipos nasais, impõe um fardo emocional com impacto diário na qualidade de vida.

Apesar de tudo isto, o diagnóstico pode ser um desafio. A presença de sintomas inespecíficos pode dificultar a escolha inicial da especialidade mais indicada a consultar ou a que, por vezes, a doença seja confundida com uma simples constipação, gripe, rinite alérgica, sinusite ou enxaqueca, o que pode levar a diagnósticos iniciais incorretos ou tardios.

É importante reter que, perante este quadro sintomatológico, a especialidade mais adequada a consultar é a otorrinolaringologia, que vai concluir se se trata realmente de uma rinossinusite com pólipos nasais consequência de inflamação crónica nasal. Depois de estabelecido o diagnóstico, o tratamento adequado deve ser iniciado o mais precocemente possível, para melhorar os sintomas e devolver a qualidade de vida ao doente.

O arsenal terapêutico é diversificado, começando pelas lavagens nasais diárias e spray nasal (corticoterapia tópica) como primeira linha que, no entanto, pode não ser suficiente para o controlo dos sintomas. Segue-se a cirurgia, que surge como caminho para a remoção dos pólipos nasais, abertura e arejamento dos seios nasais e uma melhoria dos sintomas. Porém, os pólipos podem voltar após a cirurgia.

Até recentemente, os doentes com polipose nasal não tinham outra opção senão cirurgias repetidas e uso recorrente de corticoterapia oral, com uma série de efeitos secundários associados a curto e longo prazo. Hoje, graças aos avanços da ciência e da tecnologia, estão disponíveis tratamentos com medicamentos biológicos. Estes medicamentos são proteínas que atuam diretamente ao nível da inflamação nasal e, desta forma, alteram a resposta imunitária do doente de forma positiva. Podem ser uma alternativa e uma arma adicional na gestão da doença. Uma nova esperança que veio devolver a todos os que vivem com rinossinusite crónica com pólipos nasais a tão desejada qualidade de vida, nomeadamente, coisas tão simples e necessárias como respirar sem dificuldade, dormir uma noite descansada ou saborear uma refeição com a família e amigos.

Um artigo de Vânia Henriques, Médica Otorrinolaringologista.