“É natural que essa tendência se espalhe pelo continente, muitos mais países vão adotar essa política [seguida pelo Quénia], porque as lideranças políticas estão muito preocupadas, porque se esforçaram para comprar vacinas e as populações não as usam, o que é uma pena, porque cria um peso financeiro desnecessário”, disse John Nkengasong, durante a conferência de imprensa semanal sobre a evolução da pandemia de covid-19 no continente africano.

Questionado sobre se mais países deverão seguir o exemplo do Quénia, que vai limitar a entrada em serviços públicos e nos hospitais a quem não estiver vacinado, o médico camaronês disse que “a nova vaga pode ser mitigada se um grande número de pessoas for vacinada”.

Para John Nkengasong, a vacinação é fundamental para controlar a pandemia e o argumento da falta de vacinas já não serve para explicar a baixa taxa de vacinação no continente, que administrou apenas 55% das mais de 400 milhões de doses que já recebeu.

“Não podemos usar a justificação do passado para dizer que as pessoas não se vacinam, as vacinas estão lá, estão disponíveis, só 55% das vacinas disponíveis foram usadas, isto é mesmo inaceitável, porque se as pessoas quiserem ser vacinadas, podem, por isso faço novamente um apelo para que se vacinem, porque só assim nos protegeremos e evitamos que as lideranças políticas imponham um requisito de vacinas obrigatórias”, concluiu.

A partir de 21 de dezembro, os quenianos que não estiverem vacinados contra o novo coronavírus serão impedidos de entrar nos serviços públicos e hospitais, entre outros edifícios estatais, bem como de conduzir táxis e mototáxis, anunciou domingo o ministro da Saúde, Mutahi Kagwe.

Além disso, as empresas de serviços com mais de 50 clientes por dia serão obrigadas a exigir certificados de vacinação a qualquer pessoa que deseje entrar nas suas instalações.

As autoridades quenianas decidiram tomar estas medidas devido à “necessidade crítica de assegurar que o país contenha a doença [covid-19]”, declarou o ministro.

Kagwe acrescentou que as medidas também afetam os transportes públicos, incluindo autocarros e voos domésticos, bem como o acesso a hotéis, bares, restaurantes e reservas de caça.

Os países africanos e também a Organização Mundial de Saúde (OMS) fizeram um alerta face à distribuição desigual das vacinas contra o novo coronavírus.

MBA (NZC/LFS) // LFS

Lusa/Fim